Existem vários tipos de leishmaniose, mas as mais comuns são a visceral (LV) e a tegumentar americana (LTA)
Nova conduta é mais barata e eficaz, segundo pesquisador (Reprodução / Wikipedia)
Mais de 500 casos de leishmanioses foram registrados em Minas até agosto deste ano. Pelo menos dez pessoas morreram após contrair a doença que tem tratamento, mas demanda diagnóstico precoce para evitar complicações. Até o dia 17 é realizada a semana nacional de controle e combate à enfermidade.
Existem vários tipos de leishmaniose, mas as apresentações clínicas mais comuns são a visceral (LV), que ataca os órgãos internos, principalmente o baço e o fígado, e a tegumentar americana (LTA), que ataca a pele e as mucosas.
A visceral é crônica e não contagiosa, com alta morbidade e significativa letalidade quando não tratada. Os principais sintomas são febre irregular de longa duração (mais de sete dias), falta de apetite, emagrecimento, fraqueza, aumento do abdômen, anemia e sangramentos na fase mais avançada da doença.
“A leishmaniose visceral é grave, mas tem tratamento para os humanos. As crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas são as que têm maior risco. Quando não tratada, essa doença tem uma taxa de mortalidade de mais de 90% dos pacientes”, alerta o médico infectologista do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs Minas), Ricardo Luiz Fontes Moreira.
Segundo ele, é fundamental que o paciente procure o atendimento em uma Unidade Básica de Saúde logo que surgirem os primeiros sintomas, especialmente a febre persistente com causa indefinida. “O médico vai solicitar exames para confirmar ou não a doença e, uma vez diagnosticada, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de evitar agravos e complicações”, acrescenta.
Já a leishmaniose tegumentar americana pode apresentar diferentes manifestações clínicas. As lesões cutâneas podem ser únicas, múltiplas, disseminadas ou difusas. A forma mucosa caracteriza-se pela presença de lesões destrutivas localizadas, em geral, nas vias aéreas superiores.
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“A leishmaniose tegumentar se caracteriza principalmente por lesões que parecem úlceras, que têm a borda mais elevada e mais firme, e não é uma úlcera dolorosa. Geralmente, aparece em partes expostas do corpo, como braços, pernas e costas, e pode aparecer também em região de mucosa, como nariz ou boca”, detalha o infectologista.
“Apesar do baixo risco de óbito, a LTA causa muitos problemas, tanto com relação à questão clínica, quanto a fatores psicológicos, devido às lesões e deformidades que podem causar”, esclarece o médico.
O tratamento de pessoas acometidas por leishmaniose visceral ocorre com medicamentos em ambiente hospitalar, porque esses pacientes ficam mais debilitados. A recuperação completa pode levar até seis meses. Já no caso da tegumentar, a maior parte das pessoas recebe o remédio nas Unidades Básicas de Saúde e permanecem em casa. O tratamento varia de 15 a 40 dias.
As leishmanioses são transmitidas aos humanos pela picada do inseto conhecido popularmente como mosquito-palha. A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário.
Por isso, caso o animal apresente sintomas de leishmaniose, o tutor deve procurar imediatamente o serviço de Zoonoses ou a Secretaria Municipal de Saúde.
Não há vacina contra as leishmanioses humanas. As medidas mais utilizadas para a prevenção da doença se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios, proteção individual, diagnóstico precoce e tratamento dos doentes, manejo ambiental e educação em saúde.
“A principal forma de prevenção das leishmanioses é evitar a picada do mosquito que transmite a doença. Ele não se reproduz em água parada, mas em matéria orgânica. Assim, toda vez que se tem, por exemplo, um quintal com muito lodo ou muita sujeira em casca de árvore, pode haver reprodução desse mosquito”, salienta o infectologista.
As principais orientações são o uso de repelentes, evitar os horários e ambientes onde esses vetores possam ter atividade, a utilização de mosquiteiros de tela fina e, dentro do possível, a colocação de telas de proteção nas janelas.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) são realizadas ações de maneira permanente, em parceria com os municípios, voltadas para todos os elos do ciclo de transmissão da doença.
* Com Agência Minas
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