Doença infecciosa grave e com alta taxa de mortalidade - mata metade dos infectados - a febre amarela voltou a preocupar autoridades de saúde em Minas depois da morte de um morador de Águas de Lidoia (SP) que teria sido infectado em Monte Sião, no Sul do Estado. A vítima não era vacinada. Outro sinal de alerta são os quatro registros de óbito de macacos em território mineiro. Em todos os casos foi confirmada a morte em decorrência da doença.
Desde 2018 não havia registro de casos humanos de febre amarela confirmados laboratorialmente em Minas. A circulação do vírus leva Minas a reforçar o chamado para a vacinação contra a doença. Transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, também causador de outros males, como dengue, zika e chikungunya, a febre amarela é uma arbovirose que tem como principal forma de prevenção a imunização.
Estimativas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES-MG) apontam até que o momento 33.223 crianças menores de um ano ainda não se vacinaram contra a doença, o que representa 71,17% desse público. A meta preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95%.
“A febre amarela é uma doença imunoprevenível, ou seja, pode ser evitada com a vacinação. A vacina está disponível em todas as unidades de saúde do estado e deve ser tomada, pois é eficaz e segura”, destaca o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi.
Além de recomendar aos municípios a intensificação vacinal e o monitoramento rápido de coberturas vacinais (MRC), a SES-MG intensificou a vigilância epidemiológica no Estado, diante da ocorrência de epizootias e de casos humanos de febre amarela.
“Nesses casos, após a notificação pelo município e a confirmação laboratorial da Fundação Ezequiel Dias (Funed) por meio do Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen), a nossa equipe inicia um grande processo de apoio junto ao município, buscando entender como está a situação vacinal na região e a situação de bloqueio do vetor, de forma a evitar a disseminação do vírus”, continua o subsecretário. “O principal nesse momento é chamar a atenção da população para a importância da vacinação”, conclui.
Doença requer atenção aos sintomas
Os sintomas da febre amarela são febre de início agudo, associada à icterícia (pele amarelada), e pode evoluir com fenômenos hemorrágicos e sangramentos. Dores de cabeça, dores musculares, náusea, vômito, confusão mental, diminuição da diurese também são sintomas da doença.
Uma parte dos pacientes evolui manifesta a forma leve da doença, mas em casos moderados e mais graves há uma alta taxa de mortalidade, podendo alcançar até metade dos pacientes que contraíram o vírus.
“Os pacientes que apresentam sintomas de febre, em especial associados à icterícia, devem procurar atendimento médico imediato para avaliação e confirmação ou não do diagnóstico da febre amarela”, adverte o médico infectologista do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs Minas), Ricardo Luiz Fontes Moreira.
“Se é uma forma muito leve, o tratamento pode ser feito somente com medicações, mas se o paciente tem uma forma mais moderada ou grave da doença, uma alteração da função dos rins ou uma alteração hepática mais significativa, precisa ser internado e muitas vezes tem que ser tratado em ambiente de terapia intensiva”, explica.
Esquema vacinal e cobertura
De acordo com as recomendações do Programa Nacional de Imunização (PNI), crianças entre nove meses de vida e menores de cinco anos de idade (quatro anos, 11 meses e 29 dias), devem receber uma dose aos nove meses de vida e uma dose de reforço aos quatro anos de idade.
Já as pessoas a partir de cinco anos de idade que receberam apenas uma dose da vacina antes de completarem cinco anos, devem receber uma dose de reforço. As pessoas de cinco a 59 anos de idade não vacinadas devem receber uma dose única.
“No caso da febre amarela, a transmissão não acontece entre seres humanos, como o sarampo ou a gripe, doenças em que a vacina é capaz de garantir uma proteção coletiva. Para a arbovirose, a proteção é individual e por isso, o ideal é atingir uma cobertura de cem por cento da população”, salienta o médico.
“Essa é uma doença potencialmente grave, mas também prevenível, então é muito importante lembrar que a vacina da febre amarela está disponível no sistema público de saúde e dá proteção de mais de 90% a quem toma”, reitera o infectologista.
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