O governo federal está preparando um conjunto de medidas para incentivar pesquisas sobre o vírus zika, que envolve os ministérios da Saúde, da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e será anunciado nas próximas semanas. O texto está sendo elaborado junto com a Casa Civil para definir as fontes de financiamento e linhas de ação para os próximos três anos. A informação é do ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, que considera o projeto "bem consistente".
“Acho que a presidente deve anunciar [as medidas], junto com os ministros, na semana que vem ou na outra. É um pacote de impacto para a área de biotecnologia e de medicamentos. Estamos trabalhando para isso. Julgamos importante que a comunidade [acadêmica] esteja atenta e montando as suas redes, pensando que vamos participar e lançar um pacote consistente nesta área para os próximos dois ou três anos, com recursos para pesquisar esta questão”, informou.
O ministro deu as declarações ao participar, nesta sexta-feira (26), na sede da Financiadora de Ensino e Projetos (Finep), no centro do Rio, da assinatura dos convênios selecionados por meio de carta convite, que somam R$ 100 milhões. Os recursos serão aplicados na conclusão de obras de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) apoiadas em chamadas anteriores do CT-Infra. No total, foram aprovadas 91 empreendimentos de 31 instituições.
O presidente da Finep, Wanderley de Souza, disse que os departamentos de pesquisa das universidades têm condição de atender o chamado do governo, porque estão na linha de frente, como também a Fundação Oswaldo Cruz, que não é uma universidade, mas é tratada como se fosse, diante da importância do trabalho que realiza.
Debate
Souza adiantou que a Finep vai patrocinar um debate no auditório do Museu do Amanhã, que vai ocorrer em um domingo, no fim de março, com a proposta de ter um dia dedicado ao esclarecimento sobre a situação da doença, do ponto de vista científico. “Estarão presentes os principais pesquisadores, atuando lá, explicando para a população o que é o zika, quais são todos os fatores, o que se sabe, mas com o linguajar correto e científico."
Para o presidente da Finep, o Brasil está na frente no nível de pesquisas sobre zika. “Certamente estamos na frente. Até agora, sobre zika, neste último episódio, saíram publicados 11 artigos, todos brasileiros. Ou seja, a liderança, dentro dessa desgraça que é uma doença, ela, por outro lado, é uma oportunidade de se firmar a ciência brasileira, a ciência médica e biomédica. O que nós temos é que ter capacidade de rapidamente gerar produtos para diagnóstico e a vacina, que geram dinheiro, e não só ficar em pesquisas”, afirmou.
Edital
Souza revelou que está sendo preparado também um edital para a Finep financiar pesquisas em empresas, o que deve ser divulgado em duas semanas. “Vamos ter um edital específico para empresas ligadas ao problema das doenças transmitidas por vírus que envolvem HIV, dengue, febre amarela, zika, chikungunya, o complexo todo para aparecerem empresas que fabriquem vacinas e medicamentos”, disse. Segundo ele, o edital está em fase de discussão orçamentária dos recursos que serão aplicados pela Finep.
De acordo com a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ângela Maria Paiva Cruz, a participação das instituições no combate ao vírus zika.
“Assinamos, com associações diversas de universidades federais, estaduais e privadas, o pacto da educação contra a zika, e vão redundar, neste pacto, ações focadas nos nossos estados, junto à população de 60 milhões de estudantes, desde as universidades até as creches. Vamos atingir esta população com sensibilização, levando produtos, cursos e a ferramenta básica que é o conhecimento para que as pessoas lidem e minimizem as consequências do problema.”
Sobre a geração de conhecimento e inovação na área, a reitora contou que várias universidades, incluindo a do Rio Grande do Norte, já estão em contato com o MEC e com o MCTI, não só para o combate ao mosquito, mas também no tratamento da microcefalia. “Essas demandas já estão sendo buscadas, e vários pesquisadores estão se mobilizando nas diversas instituições públicas e privadas para somar no esforço de preparar o futuro”, ressaltou.