esquecimento pandêmico

Mudança na rotina e exercícios ajudam a reverter perda de memória no pós-Covid

Vivian Chagas
Publicado em 07/03/2022 às 10:56.Atualizado em 07/03/2022 às 10:56.
 (Pixabay/Divulgação)
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Dificuldade para lembrar de eventos recentes, lapsos repentinos, problemas para manter o foco ou guardar informações corriqueiras. Cada vez mais pessoas ficam com sequelas após a contaminação pela Covid. No entanto, mudanças na rotina e exercícios simples podem ajudar a recuperar a perda da memória.

Uma pesquisa feita pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor) mostrou que oito em cada dez pessoas apresentaram algum tipo de alteração de memória, capacidade de atenção ou percepção do mundo após a cura da doença.

Na maioria dos casos, o esquecimento acaba com o passar do tempo. No entanto, é possível aprimorar o raciocínio se informando e até se divertindo. “Jogos, leitura, discussões, cursos diversos, atividades sociais”, indica a coordenadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Sonia Maria Dozzi Brucki.

Ela, que também é membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), destaca que pequenas mudanças no dia a dia vão garantir um melhor funcionamento do cérebro. “Boa alimentação, boa noite de sono e cuidados com doenças gerais, como hipertensão, diabete e distúrbios de colesterol”.

Sônia Maria ainda reforça a importância de atividades físicas, também fundamentais para evitar o estresse.

Muitas pessoas ficaram bastante tempo no home office, com constantes reuniões, aulas e cursos on-line. 
As atividades, adotadas de forma repentina e a longo prazo, também são prejudiciais. Descanso e mudança na rotina são recomendados

Meses

Doutor em neurologia e professor da UFMG e Santa Casa BH, Paulo Pereira Christo explica que a “névoa mental” ou “cérebro nublado” são sintomas que podem ocorrer no pós-Covid – mesmo nos quadros leves da doença – e durar meses.

“Pode parecer semelhante aos efeitos da privação do sono ou do estresse. Não é o mesmo que demência e não significa dano estrutural ao cérebro”, explica o especialista, também Membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). 

Outros indícios ainda incluem pobre concentração, pensamento mais devagar do que o habitual, sentidos confusos, esquecimento, palavras perdidas e fadiga mental.

A estudante de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Mariana Mendes, relata que sentiu prejuízos recorrentes na memória após um quadro leve de Covid. 

“Depois da contaminação, esqueço das coisas com muita facilidade. Quando vou em algum cômodo de casa, não lembro o que fui fazer lá. Ou então quando pedem para dar um recado, eu esqueço. Às vezes, durante a conversa também me dá um branco”, conta.

Alguns médicos têm usado o termo “esquecimento pandêmico” para se referir a esses casos. No entanto, pessoas que apresentam um grau severo de perda de memória devem procurar um profissional para avaliação e terapias específicas.

* Especial para o Hoje em Dia

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