Pacientes com hemofilia em Minas reclamam de falhas no fornecimento de remédio

Agência Brasil
17/04/2015 às 09:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:40
 (Reprodução)

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Pacientes com hemofilia estão sem receber a quantidade adequada de medicamento para evitar os sangramentos característicos da doença. A denúncia foi feita sexta-feira (17) pela Federação Brasileira de Hemofilia (FBH) – data em que é lembrado o Dia Mundial da Hemofilia. Segundo a entidade, as reclamações vêm de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, Ceará e da Paraíba.

De acordo com a farmacêutica do Hemocentro do Espírito Santo Maria Orletti, enquanto a média mensal, em 2014, de recebimento do Fator 8, hemoderivado usado para ajudar o paciente na coagulação do sangue, era 750 mil unidades internacionais (UI), neste mês, foram recebidas apenas 260 mil UI.

O estudante mineiro Venicius de Barros, de 38 anos, mora em Barbacena e desde 2012 pegava mensalmente o medicamento suficiente para 30 dias, em Juiz de Fora, a 120 quilômetros de onde mora. “No mês passado, fui pegar as 12 doses necessárias, mas só recebi seis. Quando acabaram, retornei lá para pedir as outras seis e só me deram quatro.”

Este mês, Venicius diz que recebeu novamente apenas a metade do medicamento necessário para o mês. “Estou tomando metade da dose porque tenho medo de faltar, de ter um sangramento e precisar com urgência do fator”, ressaltou. Ele conta que a redução das doses já causou um sangramento no ombro no mês passado.

Segundo a vice-presidenta da FBH, Mariana Freire, o Ministério da Saúde mudou, em 2012, a forma de tratamento para as pessoas com hemofilia. Até então, os pacientes só recebiam a medicação quando tinham sangramentos. Depois da mudança, eles passaram a receber os fatores de coagulação para evitar essas situações. Além das doses necessárias a cada paciente, os hemocentros precisam contar com um estoque estratégico, usado para situações de sangramentos, mas, com a redução dos repasses, esses estoques estão comprometidos.

Para ela, está havendo racionamento dos hemoderivados desde novembro do ano passado, além do fracionamento das doses, o que dificulta a vida dos pacientes que, muitas vezes, precisam viajar para buscar o tratamento em um dos 193 hemocentros que distribuem a medicação.

De acordo com a hematologista Margareth Ozelo, membro da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, a prevenção é o tratamento mais adequado para quem tem hemofilia. Ela lembra que a profilaxia permite ao paciente ter qualidade de vida e evita as sequelas dos sangramentos.

“Os sangramentos nos hemofílicos ocorrem principalmente nos músculos, os chamados hematomas, e nas articulações, as juntas. Por causa disso, o paciente acaba por desenvolver deformidades, dificuldade para movimentação em braços e pernas, comprometimento articulares”, diz Margareth. Ela acrescenta que no Hemocentro da Universidade de Campinas, onde é professora, não faltou medicamento, porém, os pacientes estão tendo de voltar com mais frequência para completar a dose.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que em nenhum momento houve desabastecimento de hemoderivados para os pacientes atendidos pela rede pública de saúde. “A liberação fracionada dos frascos, em março deste ano, teve como objetivo assegurar o fornecimento do medicamento a todos os pacientes atendidos. É importante destacar que os estoques de Fator 8 Plasmático (9 milhões de UI) para os estados e municípios estão regularizados desde a semana passada. No total, o Ministério da Saúde adquiriu 180 milhões de unidades em dezembro de 2014, número suficiente para abastecer o país por um ano.”

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