Saúde

Pesquisa aponta que substância extraída das folhas da fruta-do-conde é também anti-inflamatória

As folhas da planta passaram por um processo de secagem e foram transformadas em pó. A partir daí extraíram-se as substâncias para análise

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 09/12/2024 às 08:16.

Para alguns, o nome é fruta-do-conde. Para outros, dependendo da região do Brasil, é pinha. Para um grupo de pesquisadores, é remédio. As folhas Annona squamosa têm substâncias com ação analgésica, anti-inflamatória, anti-hiperalgésica (combate à dor persistente) e antiartrítica.

Os primeiros resultados da investigação – que envolveu cientistas das universidades Federal da Grande Dourados (UFGD), Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) – foram publicados na revista Pharmaceuticals.

O grupo avaliou o extrato metanólico da planta (o metanol é usado como solvente e depois removido por evaporação, obtendo-se um extrato seco) e uma substância isolada denominada palmatina.
Segundo os pesquisadores, a Annonna já é utilizada em diversos países com fins medicinais e empregada na medicina popular para tratar dor e artrite. 

Além de propriedades gastroprotetoras, a planta é também antibacteriana, antiviral e anti-inflamatória. Para o grupo de pesquisa, representa uma “possível opção aos principais fármacos hoje disponíveis para alívio de dor crônica, como os analgésicos opioides e os anti-inflamatórios não esteroides –vale lembrar que o uso prolongado dests medicamentos pode causar dependência, além de sérios efeitos colaterais, como úlcera e trombose.

“O objetivo do estudo foi investigar o potencial analgésico, antiartrítico e anti-inflamatório do extrato metanólico e da palmatina, obtidos a partir da Annona squamosa”, conta Marcos José Salvador, professor titular do Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp e coautor da pesquisa.

O processo

As folhas da planta passaram por um processo de secagem e foram transformadas em pó. A partir daí extraíram-se as substâncias para análise. O extrato metanólico e o alcaloide palmatina foram administrados oralmente em camundongos, sendo estudados em diferentes modelos experimentais, incluindo pleurisia (inflamação das pleuras, membranas que revestem os pulmões e a parede torácica) induzida por uma substância chamada carragenina; inflamação articular induzida por zimosana; e hiperalgesia mecânica (sensibilidade elevada a estímulos dolosos) induzida por TNF (fator de necrose tumoral, proteína sinalizadora produzida por células de defesa e que desempenha papel crucial na regulação da resposta imune).

“Os resultados mostraram que o extrato metanólico e a palmatina extraídos da A. squamosa têm potencial analgésico e anti-inflamatório. A palmatina tem ainda propriedades anti-hiperalgésicas, que podem envolver a inibição da via mediada pelo fator de necrose tumoral”, explica Salvador. “Concluímos também que a palmatina pode ser um dos constituintes responsáveis pelas propriedades antiartríticas da planta”.

As conclusões ainda carece de novos estudos para confirmação dos efeitos identificados e avaliação de toxicidade dos compostos, bem como doses que seriam necessárias para obtenção do efeito terapêutico para uso clínico.

O artigo Analgesic and Anti-Arthritic Potential of Methanolic Extract and Palmatine Obtained from Annona squamosa Leaves pode ser lido neste link.

*Com Agência FAPESP –Thais Szegö 

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