CIÊNCIA

Pesquisa investiga potenciais benefícios da serralha no tratamento contra vitiligo

Aplicação de extrato feito a partir da planta medicinal resultou na repigmentação de áreas da pele de peixes e camundongos; testes em humanos ainda vão ter início

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 07/10/2024 às 06:00.

O vitiligo é uma doença não contagiosa que causa a despigmentação da pele em diferentes partes do corpo de uma pessoa (Freepik)

As plantas medicinais têm propriedades de cura que podem auxiliar no tratamento de diversas doenças, sendo utilizadas, inclusive, como insumo para a produção de medicamentos na indústria farmacêutica. Uma pesquisa em andamento na Universidade Federal de Lavras (Ufla) analisa os potenciais benefícios da serralha (Sonchus oleraceus), considerada uma hortaliça não-convencional, no controle do vitiligo. A previsão é que os testes em seres humanos comecem nos próximos semestres, e o estudo seja concluído em 2028.

A serralha, que é muito popular e consumida por populações rurais, proporciona diversos benefícios à saúde que já haviam sido observados de forma empírica por seus consumidores, como efeitos contra problemas hepáticos. Com a pesquisa que está sendo desenvolvida no Departamento de Agricultura (DAG/UFLA), foi testado e constatado que o extrato das folhas de serralha foi eficaz na repigmentação da pele, utilizando o zebrafish (Danio rerio), também conhecido como paulistinha ou peixe-zebra, como modelo biológico. 

O vitiligo é uma doença não contagiosa que causa a despigmentação da pele em diferentes partes do corpo de uma pessoa. Na pesquisa, foi induzido nos peixes e, após testes de toxicidade com diferentes concentrações do extrato de serralha, foi desenvolvida uma emulsão (uma mistura entre um ou mais princípios ativos) considerada adequada, que não causava a morte ou nenhum tipo de deficiência nesses animais. A aplicação do extrato de serralha resultou na repigmentação das áreas afetadas da pele dos peixes.

Com a comprovação do resultado desejado no zebrafish, a equipe de pesquisa partiu para os testes em camundongos, que são organismos maiores do que os peixes. Os testes preliminares foram positivos, e novamente o extrato de serralha foi capaz de atuar na repigmentação da pele dos camundongos. Atualmente está sendo realizada a análise histológica dos camundongos, com o intuito de verificar se os órgãos do animal foram afetados pela concentração do extrato durante os testes.

O objetivo principal da pesquisa é desenvolver um produto que seja capaz de reverter ou controlar a despigmentação da pele. De acordo com Luciane Vilela Resende, professora da Escola de Ciências Agrárias de Lavras (Esal/Ufla) que lidera o estudo, o medicamento produzido a partir da serralha pode transformar essa planta, que é considerada daninha e agronomicamente prejudicial a outras culturas, em uma solução para a sociedade.

“O vitiligo é uma doença diagnosticada principalmente em jovens, e pode causar diversos distúrbios sociais e problemas emocionais, devido à vergonha que as pessoas que têm a doença sentem. Então, poder desenvolver um medicamento, à base de uma espécie desvalorizada em termos de uso, e transformá-la em uma espécie benéfica, é muito interessante. Inclusive, os valores gastos com herbicidas para controlar a propagação da serralha podem ser revertidos na venda, em um medicamento que auxiliará a sociedade”.

Além da professora Luciane, estão envolvidos no projeto os professores Luis David Solis Murgas, Laura Cristina Jardim Pôrto Pimenta e Suzan Kelly Vilela Bertolucci, além dos estudantes de pós-graduação Ana Clara Borges Silva, Anderson de Oliveira Salvati, Lissa Izabel Ferreira De Andrade e Bárbara Guimarães. 

* Adaptação do texto de Mayara Mesquita, do Portal da Ciência da Ufla

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por