Pesquisadores mineiros fazem descoberta capaz de diminuir a necessidade de transplantes de fígado

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
02/10/2018 às 15:19.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:45

(Foca Lisboa/UFMG)

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG) conseguiram descrever em detalhes o mecanismo da colestase, quadro clínico que atinge o funcionamento do fígado e dificulta a drenagem da bile para o intestino, para o qual não há tratamento – a única solução é o transplante. 

De acordo com dados da UFMG, um em cada 13 transplantes hepáticos são realizados porque o paciente desenvolveu o problema. A descoberta está descrita em artigo publicado na Hepatology, uma das maiores revistas científicas da área.

“O reconhecimento de como a inflamação se correlaciona com a colestase pode propiciar, além de tratamento com antimicrobianos, o estabelecimento de algum tipo de terapia capaz de reverter a alta mortalidade no pós-operatório dos transplantados de fígado”, afirma o professor Cristiano Xavier Lima, um dos autores do trabalho e cirurgião de transplantes hepáticos.

À frente estão os integrantes do Liver Center, centro de pesquisas da instituição mineira, que tiveram a colaboração da equipe da Universidade de Yale (EUA). O grupo apresentou inovação no trabalho, que possui caráter translacional, abrangendo desde a ciência básica até a aplicação prática, na clínica médica.

Estudos

Antes dessa publicação não se conhecia o mecanismo pelo qual ocorre colestase em casos como sepse e hepatite alcoólica. Por isso, o trabalho tem grande relevância clínica.

“Descobrimos que, após a estimulação de um receptor, há redução da expressão do canal de cálcio e, consequentemente, a secreção de fluidos e ele-trólitos, que são componentes da bile”, explica o doutorando Antônio Carlos Melo.

A equipe fez diversos estudos até que chegasse a uma conclusão. “O trabalho abrange tanto o estudo celular e molecular, quanto o modelo animal, para que os nossos achados sejam validados. Esses experimentos, por sua vez, são confirmados em amostras de pacientes”, descreve a doutoranda Andressa França.

Na opinião de Maria de Fátima Leite, coordenadora do Liver Center, a facilidade que a equipe encontrou para publicar o artigo em revista de alto impacto reforça que o trabalho “está muito robusto, com informações muito seguras, por causa da qualidade e do cuidado nos controles e na repetição dos experimentos, por técnicas diferentes”. 

O reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo Liver Center também vem por meio de convites para participar da organização de simpósios e mesas em eventos.

No ano que vem, integrantes do grupo vão discutir sua pesquisa translacional em congresso internacional de cirurgia hepato-pancreática. 

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