A partir da recente decisão do governo federal de reduzir de 20% para 15% o limite de alimentos ultraprocessados na merenda escolar neste ano, a expectativa dos especialistas é de um ganho não somente na dieta, mas também no aprendizado.

Alimentos industrializados, que passam por várias etapas de processamento, geralmente são ricos em calorias, açúcares, gorduras, corantes, sal, conservantes e aditivos químicos. O consumo regular de itens como pães de forma, biscoitos recheados, sorvetes, balas, carnes processadas (presunto, mortadela, salame), enlatados e refeições congeladas de pronto consumo, por exemplo, prejudicam a saúde e o desenvolvimento cognitivo.

“Esses prejuízos são causados pelo desenvolvimento de agravos em saúde como a obesidade, o diabetes, a hipertensão, e comprometimento da saúde mental com quadros de depressão e ansiedade, dentre outros,” explica a doutora em saúde e nutrição, a professora Melissa Araújo, do curso de Nutrição das Faculdades Kennedy. https://kennedy.br/

Ela reforça que os ingredientes que compõem os alimentos ultraprocessados contribuem para produtos nutricionalmente inadequados, desbalanceados e com maiores riscos de males à saúde, contribuindo para a perda cognitiva dos alunos e comprometendo o rendimento educacional. 

A função cognitiva global abarca habilidades como memória, fluência verbal e função executiva, enquanto a cognição executiva está relacionada ao planejamento, execução de tarefas e resolução de problemas.

“Hoje, muitas crianças com menos de dois anos já entram em contato com esses alimentos durante a introdução alimentar. Esse cenário é alarmante, pois a exposição precoce e o maior consumo de ultraprocessados na infância podem representar riscos ainda mais graves para o desenvolvimento cognitivo e a saúde das novas gerações”, alerta a especialista.

A redução do limite percentual de ultraprocessados no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é uma medida do governo federal para fortalecer o acesso à alimentação de qualidade, advinda das frutas, verduras, legumes, cereais, carnes e laticínios, com base na agricultura familiar e agroecológica.

Educação alimentar nas escolas

Formadas em Nutrição pela Faculdade Kennedy, Lidiane Souza e Gabriela Sena criaram um e-book sobre como montar uma lancheira com alimentos saudáveis para as crianças. O material é um guia bem elaborado que ajuda pais e responsáveis a garantir uma alimentação de qualidade aos filhos. Na verdade, os pequenos mesmos conseguem aprender muito acessando diretamente as receitas do e-book, via QRCode disponibilizado. 

O guia é resultado do estágio realizado pelas ex-alunas na rede pública de ensino em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2023. O estágio fez parte da disciplina supervisionada em Nutrição Social, sob responsabilidade da professora Melissa Araújo e coordenado pela Profª. Drª. Natália de Carvalho Teixeira.

"Foi como uma resposta à quantidade absurda de ultraprocessados dentro das escolas que surgiu o e-book. Ele não só contém receitas maravilhosas, mas também mostra, de maneira muito simples, a importância dos 'alimentos de verdade'. São nove nutricionistas ajudando a preparar uma alimentação saudável, divertida e deliciosa para o seu filho", explica Lidiane. 

Gabriela Sena destaca que alimentar bem as crianças é investir no futuro saudável e feliz delas. “Com a praticidade de receitas fáceis é possível oferecer lanches gostosos, saudáveis e mais nutritivos, além de encaixar na rotina dos pais”.  

O estudo e o e-book foram apresentados na 8ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do CONSEA - MG, em outubro de 2023.

Aponte a câmera do seu celular para baixar o e-book.