Seca no Norte de Minas: moradores da zona rural precisam caminhar até 12 quilômetros para conseguir água

Jornal O Norte
28/10/2005 às 10:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:53

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Chuvas demoram a chegar no Norte de Minas e muitas famílias têm nos carros-pipa a solução para matar a sede. Em Francisco Sá a situação é caótica. Muitas famílias têm só água barrenta para beber e para uso higiênico, bem como acontece em alguns distritos de Montes Claros, como na comunidade de Barrocão, onde as famílias caminham até 12 quilômetros para chegarem ao rio Espigão.

A situação também é alarmante no município de Monte Azul, onde foi preciso a ajuda do exército para atender às necessidades das famílias que estão sem água. Aqui no município, a prefeitura de Montes Claros, segundo a assessoria de imprensa tem tomado providências no tocante à seca.

Os produtores das comunidades rurais de Cabeceiras e Baixa estão, por exemplo, mais esperançosos. É que a comunidade agora poderá usufruir de um poço artesiano com uma vazão de 264 mil litros de água por hora. Isso é necessário graças a perenicidade de alguns rios que na época de seca deixam apenas filetes de água que geralmente têm causado algum tipo de reação ao homem e aos animais.

PRÊMIO

Esse feito nas comunidades rurais, conforme descreveu o presidente da Associação dos pequenos produtores de Cabeceiras, Alexandre Rodrigues Costa é como se a abertura do poço significasse ganhar na loteria.

- É uma vazão considerada excelente. Com isso, agora, queremos desenvolver um trabalho junto a todas as famílias, no sentido de economizarmos água e, para isso, vamos instalar medidores de água nas comunidades. Sabemos que a água já está escassa em muitos lugares e fomos contemplados com um poço com água abundante. Por isso, queremos gastar com economia, para não faltar depois.

A assessoria de imprensa afirma que Alexandre fez questão de explicar à comunidade que o medidor não é para pagar a água e, sim, para conter o custo da energia que se gasta com o funcionamento do motor elétrico do poço artesiano.

- Preocupados em economizar no custo da energia, logicamente vamos estar também economizando a água. A comunidade aceita e está consciente da necessidade de fazer o uso disciplinado da água.

A comunidade de Cabeceiras tem, hoje, em torno de 300 famílias e a de Baixa, onde está localizado o poço novo 65. A área total da comunidade chega a 365 famílias. A comunidade possui outros poços artesianos que abastecem outras localidades.

ALTERNATIVAS

A Emater regional informa que tem auxiliado os norte-mineiros a plantarem pomares, hortas e criar animais dentro de sua propriedade, caso do agricultor familiar, para ter como sobreviver aos tempos críticos de seca.

De acordo com o agrônomo, Marcos Eugênio Sampaio, as ações de assistência às comunidades atingidas pela seca estão intensificadas em todo Norte de Minas. Só em Montes Claros, cerca de 20 mil pessoas, que equivalem a duas mil famílias, recebem orientações da Emater quanto aos critérios para se conseguir os benefícios para se cultivar as hortas, pomares e criação de animais que têm recursos oriundos do programa Minas sem Fome, do governo federal.

Algumas famílias já receberam, conforme a Emater, aparatos para o cultivo e a criação como regadores, sementes, mangueiras entre outros. Esse material visa atender às comunidades que se enquadram na agricultura familiar. Cerca de 30 mil famílias receberam os materiais que, a partir de então, vão servir de auxílio para a irrigação. No combate à seca estão sendo ensinadas maneiras de manejo com as bacias hidrográficas e formas de garantir a segurança alimentar, tanto na zona rural quanto na zona urbana, especialmente nas escolas municipais que tendem a aproveitar o que for plantado para a merenda escolar.

CAMINHÕES-PIPA

Segundo os especialistas, essa tem sido uma das secas mais terríveis que aconteceram no Brasil devido à poluição da atmosfera. A seca é tradicionalmente esperada todos os anos com tamanha intensidade nas regiões do Nordeste, mas nesse ano até o Amazonas foi atingido.

A falta de água também é um problema na comunidade de Riacho do Meio, onde as autoridades, secretaria municipal de Agricultura e Abastecimento, Idene - Instituto de desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais, Emater e membros do Conselho municipal de Desenvolvimento Rural estiveram presentes. O presidente da associação local, Marcelo Rafael dos Santos explicou e mostrou a situação dos problemas ocasionados pela falta de água, mesmo tendo três chafarizes e um poço artesiano.

Na última semana o prefeito Athos Avelino decidiu tomar providências quanto à falta de água. Incumbiu o secretário de agricultura, Osmani Barbosa de contratar caminhões-pipa par atender as comunidades, além de manter assistência caso ocorra problemas nos motores que asseguram o funcionamento dos poços.

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