Seleção faz Teresópolis viver nova realidade econômica

Felipe Torres - Hoje em Dia
Publicado em 09/06/2014 às 11:35.Atualizado em 18/11/2021 às 02:56.
 (Felipe Torres)
(Felipe Torres)

TERESÓPOLIS – “A Copa recolocou Teresópolis no mapa”. Enquanto as manifestações contra o Mundial eclodem no país, Rosana Ribeiro, gerente do Center Hotel, localizado no coração da cidade Serrana do Rio, entona a voz durante a afirmação. A chegada da Seleção à Granja Comary, há duas semanas, segundo ela, reaqueceu o turismo e a economia locais, que sofreram um grande baque após a tragédia natural de 2011.

A destruição e as centenas de mortes causadas pelas chuvas assustaram os visitantes. A terra do pico Dedo de Deus acabou, de certa forma, abandonada. Mesmo os que apareciam, não podiam ver o tempo fechar. “Se acontecia uma chuva leve, os hóspedes do hotel entravam em pânico, com medo de tudo ir embora água abaixo. Pensavam que o mundo cairia na cabeça deles”, se recorda Rosana, que trabalha há duas décadas na rede hoteleira.

A presença da Família Scolari ajudou a reconstruir a imagem de Teresópolis, de 160 mil habitantes. Além de divulgar o município, o batalhão de profissionais de mídia movimenta a economia. Os 1,6 mil “forasteiros” já ocupam 70% dos cômodos dos hotéis. Assim, o Sindicato do Comércio Varejista da cidade prevê um aumento de 30% nas vendas dos estabelecimentos em geral, pensando somente nesse público.

A prefeitura acredita que, por causa da Copa, os diversos turistas gastem o montante de R$ 80 milhões, entre junho e julho. Quase 100 mil visitantes devem aproveitar o friozinho do lugar. Os números ainda apontam 500 novas vagas de empregos temporários criadas com a presença do Brasil.

Com tanta gente circulando, a tradicional Feirinha do Morro do Bairro do Alto espera faturar. Tanto que as lojinhas, que só abrem aos sábados e domingos, funcionarão também durante a semana. “É nossa chance de lucramos também. Vivemos muitas dificuldades depois dos acontecimentos de 2011. A vinda da Seleção nos deu visibilidade de novo”, diz o comerciante Saulo Gomes, que vende artesanato.

Obrigado, Felipão

Rosana garante que sempre será grata a Luiz Felipe Scolari, um dos responsáveis pela preparação canarinho na região Serrana . “Graças a ele, que defendeu junto à CBF a preparação aqui, todos podem ver que nossa cidade está linda, que temos uma beleza natural incrível. O Felipão devolveu de bandeja Teresópolis ao mundo!. Isso não tem preço para a gente. A propaganda de agora reverberá por muito tempo”, conclui.

Hotel que abrigou craques em 1966 e 1978 está abandonado

Alguns vidros estão quebrados. Nos cômodos, um monte de entulho se acumula, reforçando a sujeira. Exceto pela suntuosidade da construção e um piano abandonado na sala de jantar, nada lembra os áureos tempos do Hotel Pinheiros, em Teresópolis. Localizado no sossegado bairro de Quebra Frascos, o estabelecimento era símbolo de glamour e recebeu a Seleção Brasileira às vésperas da Copa de 1966, na Inglaterra.

Porém, no momento em que o município tenta reaquecer o turismo, após a tragédia natural de 2011, o hotel está abandonado há uma década. Logo ele, que iniciou a relação de amor dos canarinhos com a cidade Serrana do Rio. Por enquanto, não há previsão de seu reaproveitamento.

Os cidadãos mais antigos de Teresópolis não esquecem da passagem de Tostão, Garrincha e Pelé por Teresópolis. “Foi um tempo de glória. O que você vê de carro, naquela época, eram charretes e não tinham tantas lojas também. Os jogadores vinham passear no Centro, davam autógrafos. Não tinha esta blindagem de agora”, lembra Sérgio de Andrade, de 85 anos.
Os bicampeões nacionais realizavam os treinamentos no estádio do Teresópolis Futebol Clube ou num gramado emprestado onde hoje fica a Granja Comary, inaugurada em 1987. “Era criança e me lembro dos atletas andando na cidade. Meu pai me levou no treino lá no estádio. É muito diferente do que acontece atualmente. Meu neto foi à Granja e disse que não conseguiu passar do portão de entrada. Uma pena”, lamenta Romualdo dos Santos, 81.

Recepção com festa

Antes de se acomodar no Hotel Pinheiros, a Seleção foi recebida com muita festa pela multidão fanática. Os jogadores desfilaram numa passarela da praça principal, sendo saudados por uma banda, artistas circenses e show pirotécnico.

“O Pelé, só vi de longe, mas consegui conversar duas vezes com o Garrincha e o Tostão. O ‘homem das pernas tortas’ era muito gente boa”, se recorda Sérgio. Doze anos depois, ele ainda flagraria uma conversa de Zico e Rivellino, também no Centro de Teresópolis.

É que a Seleção voltou ao Hotel Pinheiros, desta vez para a preparação para o Mundial da Argentina.

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