A greve do metrô de São Paulo chega neste sábado (7) ao terceiro dia, sem perspectivas. Acabou sem nova proposta a reunião no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e a assembleia da categoria, à noite, manteve a paralisação. O sindicato ainda ampliou o tom das críticas e promete piquetes maiores, após confronto entre grevistas e a PM na Estação Ana Rosa.
Com chuva e 27 estações fechadas, houve extensão do rush e recorde de congestionamento do ano - 239 km. O impasse deve seguir até domingo (8), quando a Justiça analisa a legalidade da greve. Nesta sexta-feira, não houve avanço na negociação. Sindicalistas presentes à audiência no TRT se disseram insatisfeitos com o Metrô, representado pelo presidente, Luiz Antonio Carvalho Pacheco.
O próprio relator do processo, o desembargador Rafael Pugliese, pediu várias vezes uma proposta maior de reajuste salarial, acima dos 8,7% já proposto. "Não dá, excelência", disse Pacheco.
O advogado do Metrô, Nelson Mannrich, afirmou que entrou em contato com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e não há como ampliar a oferta. O Ministério Público sugeriu aumento de 9,2%. Já o sindicato pede 12,2%, mas aceita negociar uma proposta de dois dígitos.
A estratégia do governo do Estado é esperar pela Justiça - que marcou para domingo, às 10 horas, o julgamento da ilegalidade da greve. Assim, obteria aval para iniciar as demissões de servidores e usar a Polícia Militar mais abertamente para liberar as estações.
O Estado protocolou uma petição no Tribunal Regional do Trabalho solicitando que a greve fosse decretada abusiva, antes do julgamento do dissídio. "O que a Justiça vai definir, não temos certeza. Mas o que vier, é para cumprir.
Imediatamente, terão de cumprir (e voltar ao trabalho). Se não vierem, pode-se começar a emitir demissões", ressaltou o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes.
No entanto, o secretário-geral do Sindicato dos Metroviários, Alex Fernandes, disse que a entidade está determinada a ir "até as últimas consequências" na paralisação, apesar das ameaças de demissão. O sindicalista questionou a legalidade do envio ontem de 440 telegramas por parte do governo, convocando os trabalhadores parados - sobretudo condutores de trens - a voltar para o serviço. "Estamos vendo como proceder de uma forma legal, judicialmente, porque entendemos que (as ameaças de demissão) são um ataque ao direito de greve", afirmou.
O sindicato promete piquetes hoje com o dobro de pessoas nas Estações Ana Rosa e Bresser - o coração operacional do sistema, que vem garantindo a abertura de 34 estações. Ou seja, há novamente risco de confronto com a Polícia Militar. "Vamos segurar tudo até domingo. Se a pancadaria ocorrer, vamos falar com todas as categorias. Se a gente sangrar, vamos pedir ajuda de metalúrgicos, de bancários, e fazer um dia de greve geral na boca da Copa", afirmou à noite, na assembleia, o presidente do sindicato, Altino de Melo Prazeres Júnior.
Nos bastidores, ele já busca aliados. Ontem, reuniu-se com Paulo Pereira da Silva (SDD), presidente da Força Sindical, para pedir apoio na negociação com o Estado. "Procurei o Paulinho, procurei o (Luiz Antonio) Medeiros (ex-deputado, superintendente da Delegacia Regional do Trabalho), dei vários recados pela imprensa. O que queremos é negociação", afirmou. "Esse governador é forte. Ele tem apoio de grandes empresários. E ele tem seu Exército particular, que é a Tropa de Choque. Mas ele não tem nada sem a classe trabalhadora. E a gente não vai deixar ele respirar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.