Por incrível que pareça, a liberação de detentos para cumprir prisão domiciliar no DF está mais difícil por falta de tornozeleiras do que pela aprovação da Justiça. É que a Polícia Federal não dispõe do dispositivo já que “trata-se de equipamento relacionado à execução penal, nas suas modalidades cautelar ou definitiva”, explicou o órgão em nota. Segundo a PF, cabe aos Estados a aquisição do equipamento e, quando a ordem de prisão domiciliar for de órgão federal, na falta, a execução pode ser feita em outro Estado. Foi o que aconteceu com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Michel Temer que ficou conhecido nacionalmente como “homem da Mala”, que precisou viajar até Goiânia para colocar a tornozeleira e dar início à prisão domiciliar, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Sai Loures, entra Geddel
A vaga deixada na superintendência da Polícia Federal pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures foi ocupada pelo ex-ministro da Secretaria do Presidente Michel Temer, Geddel Vieira Lima, que desembarcou em Brasília no início da fria madrugada desta terça-feira, após ser preso em Salvador. Geddel é apontado como operador de negócios ilícitos de Cunha e outros peemedebistas. Alvo da operação Cui Bono, que investiga desvios de verbas da Caixa Econômica Federal, Geddel foi detido por ordem do juiz federal Vallisney de Oliveira, de Brasília.
Indução
Nesta semana, o assunto da Câmara dos Deputados é a votação da ação de Rodrigo Janot contra o presidente da República, Michel Temer. Na tentativa de influenciar as outras bancadas, o PMDB iniciou uma mobilização para que os parlamentares do partido declarem publicamente seu voto contrário à aceitação da ação. Para as lideranças peemedebistas, a votação contrária é uma oportunidade para mostrar a força e a unidade em torno de Temer, arranhada na votação da reforma Trabalhista, quando a base governista foi vencida na Comissão de Assuntos Sociais do Senado.
Pagando o preço
Outra alternativa do governo para garantir apoio dos parlamentares na votação na Câmara e derrubar as denúncias feitas contra o presidente Michel Temer é abrir os cofres públicos, potencializando as emendas parlamentares, e redistribuir os cargos públicos. Em fevereiro deste ano, a equipe econômica contingenciou R$ 93 bilhões do Orçamento, sendo pouco mais de R$ 40 bilhões em emendas parlamentares. Cerca de R$ 1 bilhão desses recursos já foram liberados. Já em relação aos cargos, com o loteamento feito para garantir apoio às reformas Trabalhista e da Previdência, não sobra muito para ser negociado.