O Tribunal de Contas do Município (TCM) julgou irregulares as últimas contas apresentadas pelo Serviço Funerário do Município de São Paulo. De acordo com o órgão de fiscalização dos gastos da Prefeitura e seus órgãos, a rejeição das contas da autarquia decorreu da "constatação de deficiências administrativas e operacionais que se repetem há vários exercícios (anos)".
Como exemplo de irregularidade nas últimas contas, que são referentes aos anos de 2007 e 2008, foi citado o estoque injustificado de urnas e caixões que, segundo o tribunal, eram suficientes para atender a mais de uma década da demanda de óbitos na cidade de São Paulo. As contas foram julgadas irregulares no dia 12 do mês passado.
De acordo com o Serviço Funerário do Município, foram reabertas as comissões de sindicância para nova apuração e, atualmente, os estoques de urnas e caixões estão em nível compatível à demanda mensal, em torno de 6 mil.
A autarquia também é alvo de uma ação do Ministério Público Estadual (MPE). O promotor de justiça do Patrimônio Público e Social da Capital, Saad Mazloum, representou uma ação por improbidade administrativa contra os ex-superintendentes do serviço pela contratação de funcionários sem que tivessem prestado concurso.
De acordo com o promotor faltam apenas as alegações finais para que a ação vá para a Justiça. "Eles foram notificados desde o início, mas não resolveram nada", disse Mazloum. Segundo a autarquia, um processo de reestruturação do quadro de funcionários já está em andamento. Atualmente, 1.156 dos 1.351 contratados são concursados. O último concurso público foi homologado em 2012 para 100 sepultadores e 47 motoristas.
Disputa
Além das batalhas com TCM e MPE, o Serviço Funerário do Município enfrenta uma briga judicial com o governo do Estado.
O funcionamento de todo o sistema funerário da cidade de São Paulo é complexo e causa atrito serviço de recolhimento de corpos em caso de morte natural. Enquanto em casos de morte violenta os corpos são encaminhados pela polícia ao Instituo Médico-Legal (IML) para autópsia, em caso de morte natural, sem assistência médica, os corpos são encaminhados ao Serviço de Verificação de Óbito da Capital (SVOC) - órgão estadual subordinado ao Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
E é o transporte até lá que tem sido motivo de reclamação da população e discórdia entre os dois governos.
A gestão Fernando Haddad (PT) alega que a remoção dos corpos é de responsabilidade do Estado. A atribuição da capital seria o transporte após o óbito ter sido atestado, para velórios, cemitérios e crematório.
No ano passado, o Serviço Funerário notificou o governo estadual que iria suspender as remoções por não serem, segundo a autarquia, uma atribuição municipal. Entretanto, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) conseguiu liminar, determinando a não suspensão do serviço.
"Servimos como estafeta do Estado. É uma função deles que foi passada para nós em 1999 durante uma greve do IML e, desde então, não conseguimos devolver. Não podemos arcar com esse custo de R$ 3 milhões ao ano", disse a superintendente do Serviço Funerário do Município, Lucia Salles.
Em nota, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) disse que, "independentemente da existência do pretenso acordo, a competência para recolhimento de corpos em caso de mortes não violentas é, nos termos da Constituição Federal de 1998, do Município e não do Estado". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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