Silvicultura é tema de fórum no Alto Rio Pardo

Jornal O Norte
19/05/2010 às 08:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:29

Janaína Gonçalves


Repórter

A Coosarp - Cooperativa dos silvicultores do Alto Rio Pardo,  a Assil - Associação dos silvicultores do território do Alto Rio Pardo (ASSIL) e o banco do Nordeste, juntamente com diversas entidades parceiras, realizaram no dia 15 de maio o IV fórum de silvicultura em Taioberas, com a proposta de dinamizar a sustentabilidade econômica e ambiental. A região do Alto Rio Pardo no Norte de Minas vem se destacando como pólo silvicultor (reflorestamento), através do plantio de eucalipto, organizado pela Coosarp e pela Assil - entidades que agregam os produtores, sendo a primeira através do sistema cooperativo e a segunda pelo associativismo.




IV Fórum da silvicultura movimenta a região do Alto Rio Pardo.

Mais de 200 silvicultores participaram do evento, que foi prestigiado pelo prefeito, além dos palestrantes de várias regiões do estado, representante da associação mineira de silvicultura, vereadores e diretores de empresas parceiras.

Segundo a representante do banco do Nordeste, Leda Pinho, a instituição busca viabilizar a expansão de negócios e o crescimento desse setor estratégico para a região de atuação, contribuindo para a geração de empregos e a recuperação de áreas desmatadas.

- Feito sob medida para a atividade florestal, o projeto Cresce Nordeste Reflorestamento oferece juros baixos e prazos mais longos e é parte da solução de um sério problema: a escassez de madeira - diz.

Em todo o Nordeste, no Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, os mini, pequenos, médios e grandes proprietários dependem dessa matéria-prima essencial para a sustentabilidade dos seus negócios e o desenvolvimento da indústria siderúrgica, de papel e celulose, de madeira, móveis e cerâmica.

Para o empreendedor Delcemir Ferreira Santos, de Rio Pardo de Minas, a região tem um potencial alto de produção.

- A produção é de 1.600 plantas e produzo uma média de 120m por hectare, o preço aproximado por metro de carvão é de R$ 140 - afirma.

Ele explica ainda que a produção é destinada a siderúrgicas de Contagem e Sete Lagoas. A renda por hectare pode chegar a R$ 14 mil, sendo 40% líquido para o produtor.

Na sua avaliação, o eucalipto é uma plantação que tem facilidade de prosperar, mas sua produção só é concluída a cada cinco anos. O cultivo de silvicultura em Rio Pardo começou em 1977 e era destinado somente a empresas. Hoje, médios e pequenos produtores estão fidelizando mais clientes, com mais técnica de plantio e curvas de nível e através de bacia de contenção.

Mas todo esse sistema de produtividade só é desenvolvido e tem prosperado graças ao apoio do município e do cooperativismo. A plantação de eucalipto é uma renda garantida.

Leda Pinho explica que o manejo florestal e de reflorestamento inclui a elaboração do projeto, itens agronômicos vinculados à sua implantação, custos de assessoria empresarial e técnica na fase de implantação e aquisição de mudas, adubos e fertilizantes. Entre as espécies passíveis de financiamento, destacam-se pinus sp, eucalyptus sp, frutíferas, espécies nativas e outras. Toda iniciativa conta com o apoio do fundo constitucional de financiamento do Nordeste, por meio do programa de financiamento à conservação e controle do meio ambiente.

A intenção é beneficiar os produtores rurais que atuam isoladamente ou, preferencialmente, em projetos produtivos integrados e em recuperação de áreas degradadas. Também contempla empresas com projeto de implantação ou expansão de áreas de reflorestamento.

O prazo para o financiamento é de no máximo 20 anos, com até 8 anos de carência, em função da capacidade de pagamento do mutuário.

Durante o evento, o presidente da associação da silvicultura do território Alto Rio Pardo, Éder Costa Marques, ressaltou a importância de fortalecer, além da produtividade, o cooperativismo e associativismo.

- Gerar emprego e renda e estimular a produção da região dependem da interação dos produtores rurais - diz.

Ele explica que com a aderência ao associativismo já foi possível perceber uma economia de 25%. Conforme a técnica agrícola da Assil, Janine Mendes, 47% da população se concentram na Zona Rural e o plantio da silvicultura tem sido cada vez mais favorável para os agricultores. Segundo ela, hoje o estado é considerado o maior produtor de eucalipto do país e parte desta produção se encontra no Alto do Rio Pardo. A produção anual da região é de 300 mil hectares, mas a meta é chegar à produção de 600 mil hectares.

O professor Carlos Wilker, coordenador do Protej-Ipef - FCA-Unesp, salientou a importância do combate às pragas. Para Wilker, é preciso pensar na silvicultura com um olhar amplo de produção, renda e conservação do meio ambiente.

O setor florestal brasileiro conta com aproximadamente 530 milhões de hectares de florestas nativas, 43,5 milhões de hectares em unidades de conservação federal e 5 milhões de hectares de florestas plantadas com pinus, eucalipto e acácia-negra.

Com base nesses dados, observa-se a importância do eucalipto, por ser uma espécie de uso múltiplo com possibilidade de atender a vários segmentos, principalmente para papel e celulose e energia onde historicamente deu contribuição especial.

O desenvolvimento tecnológico da silvicultura de espécies de rápido crescimento no Brasil guarda uma estreita relação com um programa estratégico setorial criado pelo governo federal, o Fiset - Fundo de investimento setorial na década de 60. Na época, o Fiset tinha o propósito de alavancar diferentes segmentos industriais no país, em especial a indústria de celulose e papel e a indústria siderúrgica.

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