Sucessão na Valec desperta interesse de políticos

Do Hoje em Dia
20/11/2012 às 06:17.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:25

Sessenta e seis dias após a demissão do presidente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, José Eduardo Saboia Castello Branco, este jornal informa que seu sucessor ainda não foi escolhido por Dilma Rousseff. A presidente estaria dividida entre a nomeação de um nome indicado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, do PT mineiro, e um nome sugerido pelo PSB paulista. O presidente nacional desse partido, que Dilma gostaria de ter a apoia-la na campanha de reeleição em 2014, é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Ferrovia pública no Brasil nunca avançou como convinha ao tamanho do país, por causa das influências políticas voltadas, quase sempre, a interesses patrimoniais. Até setembro do ano passado, a estatal responsável pela construção e exploração da estrutura ferroviária esteve sob a influência do PMDB. Seu presidente, José Francisco das Neves, o Juquinha, caiu depois que a Polícia Federal constatou desvios de R$ 100 milhões na construção de um trecho da Norte-Sul e enriquecimento dele em ritmo inverso ao andamento da obra.

Juquinha foi substituído por José Eduardo Saboia Castello Branco, que desagradou terrivelmente os políticos, ao adotar uma gestão técnica na empresa. O salário bruto de R$ 15 mil foi insuficiente para que ele resistisse às pressões e, em 14 de setembro último, enviou ao ministro dos Transportes, Paulo Passos, carta com pedido de demissão alegando “motivos pessoais”.

No mês anterior, a presidente Dilma anunciara o pacote de concessões de ferrovias. A Valec teria papel importante no projeto de construir 10 mil km de ferrovias nos próximos quatro anos, pois controlaria as várias Parcerias Público-Privadas que serão criadas para a execução do projeto, além de concluir a construção das ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste. Com isso, redobrou o interesse dos políticos em controlar a estatal.

O combate à corrupção não tem força para reduzir esse interesse. Até mesmo porque três dias antes de Castello Branco pedir demissão, a 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, declarou nulas todas as escutas telefônicas da Operação Trem Pagador, da Polícia Federal, que investigou e prendeu Juquinha. Até então, o trecho da Norte-Sul que passa pelo Triângulo Mineiro não estava sob suspeita. Mas agora o Tribunal de Contas da União apontou irregularidades graves também ali, e determinou a paralisação parcial das obras.

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