Taxa de desocupação recorde chega a 11,9% e é a maior registrada desde 2012

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
30/12/2016 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:15

Se restava alguma dúvida de que 2016 foi um ano perdido para a economia brasileira, ela deixou de existir com a nova marca recorde de desemprego divulgada ontem pelo IBGE. No trimestre encerrado em novembro, o número de desocupados chegou à marca dos 12,1 milhões de pessoas. Um aumento de 3 milhões na comparação com o mesmo período do ano passado. 

Pouco depois do anúncio do IBGE, o presidente Michel Temer, em pronunciamento no Palácio do Planalto, pediu “pensamento positivo” aos brasileiros na virada do ano e afirmou que 2017 será o ano da “empregabilidade”.

No entanto, a afirmativa do presidente é refutada pelos especialistas. Para eles, as demissões deverão continuar a acontecer pelo menos durante o primeiro trimestre de 2017, que tradicionalmente é fraco para contratações na maior parte dos setores. Nesse período, a taxa de desemprego que está em 11,9% – a maior desde o início da série histórica em 2012 – pode até mesmo subir.

O pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Bruno Ottoni explica que o nível de desocupação deve alcançar 12,3% até março. O alento só chegaria a partir do segundo semestre e, ainda assim, com impactos visíveis apenas no fim de 2017 ou início de 2018. 

“A melhora pode vir nos trimestres seguintes, com queda da taxa de desocupação para 11,6%, no terceiro trimestre, e para 11,3% no último trimestre do ano que vem”, explica Ottoni.

O número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada chegou aos 10,5 milhões. Um crescimento de 246 mil pessoas em relação ao trimestre anterior e de 350 mil pessoas na comparação com o mesmo período de 2015

Trabalhando

A população ocupada, estimada em 90 milhões de pessoas, ficou estável em relação ao trimestre terminado em agosto de 2016. Já na comparação com mesmo período do ano passado o recuo foi de 2,1% (92,2 milhões de pessoas), equivalente a uma redução de aproximadamente 1,9 milhão de pessoas.

O número de 34,1 milhões de empregados do setor privado com carteira assinada permaneceu estável em relação ao trimestre terminado em agosto. Porém, em relação ao mesmo período de 2015, houve queda de 3,7%, representando menos de 1,3 milhão de pessoas com carteira de trabalho assinada.

Recuperação

O grande impulso para que a economia reaja em 2017 está na liberação dos saques de contas inativas do FGTS. A avaliação é do economista do Ibmec Márcio Salvato. A medida, que deve entrar em vigor em fevereiro, permitirá uma injeção de cerca de R$ 30 milhões na economia segundo cálculos do governo.

“O governo ainda precisa explicar como esses saques serão autorizados, mas essa injeção de dinheiro pode ajudar a acelerar a reversão do quadro. Esse fôlego poderia trazer um crescimento até o fim do segundo semestre”, avalia. 

Temer projeta recuperação para o segundo semestre de 2017

Em pronunciamento de balanço de fim de ano no Palácio do Planalto, ontem, o presidente Michel Temer afirmou que o aumento do desemprego no país “preocupa enormemente” o governo federal, no entanto, projetou uma queda para a taxa de demissão a partir do segundo semestre do ano que vem. “É um aumento de 0,1%. Por isso que o nosso objetivo ao fazermos essas medidas é justamente combater o desemprego”, disse. 

De acordo com o presidente, a “angústia do desemprego” perturba todas as pessoas e cria um “sentimento de instabilidade no país”, mas que deverá ser superado com as medidas econômicas propostas pelo governo federal. 

“Será um tema que começará a ser consolidado e efetivado, pelas projeções da equipe econômica, a partir do segundo semestre, quando é provável que venha a cair a partir das medidas que temos tomado”, destacou. 

Reformas

O presidente também afirmou que o foco do Palácio do Planalto no próximo ano estará em realizar uma reforma tributária e apoiar uma reforma política discutida pelo Congresso Nacional. “O Poder Executivo vai se empenhar nisso [reforma tributária] e em até uma simplificação do sistema atual”, informou. 

O presidente apontou, ainda, que o seu objetivo é transformar o atual mandato presidencial em um “governo reformista”, realizando pelo menos cinco alterações constitucionais. 

“As reformas que o governo federal havia planejado foram feitas em brevíssimo tempo e não vamos parar. O governo atual há de ser reformista”, observou. 

O presidente afirmou que não acredita que as mudanças trabalhistas, propostas na semana passada e enviadas ao Congresso Nacional, encontrem dificuldades de tramitação. O tema, contudo, ainda encontra resistências entre algumas centrais sindicais.

Agência Folhapress

Além Disso

O país fechou 116,7 mil postos de trabalho com carteira assinada em novembro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Com esse número, o país acumula perda de 858,3 mil vagas até novembro. Já nos 12 meses acumulados até novembro, 1,5 milhão de vagas foram cortadas. 

Em Minas, 11,4 mil postos de trabalho foram fechados em novembro. O segmento de construção civil lidera o ranking de redução, com sete mil vagas a menos.

Em seguida, a indústria da transformação fechou cinco mil vagas. O setor de agropecuária também teve perdas no Estado e fechou quase três mil vagas em novembro, assim como o de serviços, encerrando quase 2,5 mil vagas. No acumulado dos últimos 12 meses, Minas tem um saldo negativo de menos 133 mil postos de trabalho disponíveis. Editoria de Arte / N/A

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