Teerã e potências retomam diálogo para tentar acordo nuclear permanente

Samy Adghirni - Folhapress
18/02/2014 às 14:10.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:06

TEERÃ (Irã) - Representantes do Irã e das potências mundiais retomaram nesta terça-feira (18) negociações para definir as próximas etapas do acordo preliminar implementado em janeiro, que tenta pôr fim ao impasse no dossiê nuclear iraniano.    O atual processo, pelo qual Teerã já reduziu seu programa atômico em troca de um alívio parcial das sanções, é amplamente visto como a tentativa mais de enfática de evitar nova guerra no Oriente Médio.    Reunidos em Viena, negociadores do Irã e do grupo conhecido como P5+1 (EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha) debatem os aspectos mais complexos das conversas iniciadas após a posse do conciliador presidente iraniano, Hasan Rowhani, em agosto.    Uma das principais dificuldades envolve a quantidade e capacidade das centrífugas nas quais o Irã enriquece urânio para fins pretensamente medicinais e energéticos.    Como parte da etapa inicial do acordo, que vigora até julho, Teerã já desligou parte das centrífugas. Mas as potências agora querem que as máquinas sejam desmontadas para limitar eventual guinada iraniana rumo à bomba atômica de urânio.    O pedido foi descartado pelo negociador e vice-chanceler Abbas Araghchi. "Desmantelar o programa nuclear não está na agenda", disse Araghchi em Viena. Ele ressaltou, porém, que a rodada de conversas prevista para durar até sexta, se necessário, teve "ótimo começo."   O Irã também planeja instalar centrífugas mais modernas, gerando conflito sobre a interpretação do acordo preliminar.    O pacto proíbe expansão da capacidade das centrais nucleares iranianas, mas Teerã alega que as novas centrífugas servem apenas para substituir equipamento datado.    Outro obstáculo envolve um reator de água pesada que o Irã está construido no sul do país. Quando completado, dará aos iranianos a capacidade técnica de produzir plutônio, material usado para um tipo alternativo de bomba atômico.    Teerã nega intenções bélicas e diz que o equipamento será usado para pesquisa médica. O Irã admite fazer ajustes, mas descarta interromper a obra, como querem diplomatas ocidentais.    Além das pendencias técnicas, os governos que protagonizam as negociações EUA e Irã enfrentam forte resistência interna de facções radicais ideologicamente opostas à ideia de confiar no arqui-inimigo.    Dificuldades levaram ao endurecimento da retórica entre países negociadores nos últimos dias. Os EUA afirmaram que "pode haver um acordo [definitivo] como pode não haver."    Detentor da palavra final no Irã, o líder supremo Ali Khamenei na segunda-feira se disse pouco confiante nas negociações que, segundo ele, "não levarão a lugar nenhum." Mas ele ressaltou que o Irã continuará negociando e cumprirá a parte que lhe cabe.    Pelo pacto preliminar, Teerã já suspendeu seu enriquecimento de urânio a 20%, nível que supõe a superação das maiores dificuldades no caminho rumo aos 90% necessários à bomba. Além de limitar sua capacidade de enriquecer urânio, o Irã também passou a aceitar monitoramento mais intrusivo dos inspetores nucleares da ONU.    Em troca, sanções comerciais que vêm devastando a economia do Irã foram parcialmente levantadas. A república islâmica também está recuperando gradualmente fundos relativos à venda de petróleo que haviam sido bloqueados no exterior.    Mas o embargo ocidental ao petróleo só será levantado caso o acordo atualmente em vigor se transforme num entendimento definitivo.

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