Temer e Maquiavel

13/10/2016 às 15:03.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:12

Como previ logo após a confirmação do impeachment de Dilma, o governo Temer está aproveitando o momento de atordoamento da oposição e da população para levar de roldão seu pacote de reformas estruturais e antipopulares. A ideia é literalmente maquiavélica: fazer todo mal de uma só vez para reduzir a contrarreação. E fazer já, aproveitando-se de ter o Congresso em suas mãos.

Como o governo está atirando para todo lado, vamos recapitular os últimos disparos para não perdermos noção do conjunto da obra. Darei mais destaque à questão do pré-sal, já que ainda não tratei do assunto.

Abertura do pré-sal
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 4567/16, que desobriga a Petrobras de participar das novas licitações de exploração do pré-sal. O PL garante a abertura total das reservas brasileiras para empresas estrangeiras. E isso não nada é bom. Explico os motivos.

Por seu porte, volumes de compra e capacidade de investimento, a Petrobras é um dos principais motores da economia brasileira. Não é apenas uma grande empresa. É um trator que puxa uma enorme cadeia de indústrias e empresas fornecedoras de serviços.
Se abrirmos mão da participação da Petrobras no pré-sal, na realidade estaremos abrindo mão também da indústria naval, de tubos de aço, de estruturas metálicas, de engenharia de construção, de peças e uma infinidade de outras.

Trata-se de uma questão que diz respeito também à economia mineira. Em Ipatinga temos um polo metalmecânico especializado no fornecimento de peças e soluções de engenharia para a Petrobras. Na siderúrgica Vallourec (antiga Mannesmann), tanto a unidade do Barreiro, em BH, quanto a de Jeceaba tem a Petrobras como a principal cliente para seus tubos de aço sem costura. Em Pouso Alegre está a Helibras, montadora de helicópteros, também dependente da Petrobras. Fico nestes três grandes exemplos, mas são contados às centenas os fornecedores diretos e subfornecedores da Petrobras instalados em Minas.

Da mesma forma que a Petrobras, as petroleiras estrangeiras também sustentam longas cadeias de fornecedores em seus países. E são eles que fabricarão, fora do Brasil, os navios sondas, as plataformas e os equipamentos a serem utilizados pelas petroleiras, caso essas possam operar no pré-sal sem a participação da Petrobras.

PEC 241
Nesta semana, o baque veio com a aprovação em primeiro turno da PEC 241, do teto dos gastos, com a qual Temer pretende transformar seu ajuste fiscal, que já se mostrou inviável, em lei pétrea (abordei o assunto ontem e a coluna pode ser lida no portal).
A consequência de sua aprovação será a redução gradativa do salário mínimo e menos recursos para saúde e educação. Para a economia será caos. Se passar em segundo turno e pelo Senado, viraremos uma nova Grécia em pouquíssimo tempo.

Previdência
O próximo passo será a reforma da Previdência e a desvinculação dos benefícios ao salário mínimo. A ideia é combate[/TXT_COL]r o déficit da Previdência pelo caminho mais fácil, o corte dos benefícios. Sim, amigos, aposentados e pensionistas também terão que pagar pelos desacertos do ajuste fiscal.

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