Teste: Territory tem conteúdo de carro de luxo, mas mecânica não impressiona

Marcelo Jabulas
@mjabulas
08/08/2020 às 01:30.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:14

(Marcelo Jabulas)

A Ford não tem vivido dias de glória no mercado brasileiro, por uma soma de fatores que prejudicaram seu desempenho por aqui. O defeito da transmissão Powershift, as saídas de linha de Fiesta e Focus, sem sucessores, minguaram seu portfólio. E para piorar, a orientação da marca é focar em utilitários-esportivos. Mesmo assim, ela vem brigando pela quarta posição no ranking de vendas, muito em função da boa performance do Ka. Mas sabe muito bem que uma andorinha não faz verão. E como falta bala na agulha para desenvolver novos produtos, o jeito é importar. E é o que ela acaba de fazer com o Territory.

 O novo utilitário da marca do Oval Azul vem da China. Chega para disputar mercado no segmento de médios, onde o Compass reina absoluto. Mas não quer roubar a coroa do SUV pernambucano. Afinal, é muito caro. Parte de R$ 166.900 na versão de entrada SEL e salta para R$ 187.900, na opção topo de linha Titanium. Mas quer projetar o carro como referência no segmento. 

Além disso, a Ford também deixa claro que não tem interesse em fabricar o carro por aqui. O vice-presidente da montadora, Rogélio  Golfarb, deixou claro que não há tal plano. Mas, caso o carro se torne fenômeno de vendas, uma futura nacionalização poderia ganhar força.

Trata-se de uma estratégia inteligente, pois o consumidor chega encantado pelo jipão, mas acaba levando um EcoSport para casa, por ser mais acessível. E para a Ford, o que importa é vender o jipinho baiano, que paga a folha de suas instalações.

Mas o Territory impressiona, principalmente na versão Titanium, que será o carro de volume, vez que a SEL existe para compor a tabela de preços. Seu grande barato está no pacote de conteúdos, com assistentes de condução como (ACC, frenagem automática, alerta de ponto cego e park assist). Ainda tem quadro de instrumentos digital, ar-condicionado de duas zonas, com saídas para os bancos traseiros e um imenso multimídia, que permite conexão sem fio com iPhone.

Tudo isso adornado por acabamento impecável, com direito a farta forra-ção em couro bege e apliques em madeira, elementos que enchem os olhos do consumidor e que acabam estimulando-o a levar um modelo inferior, mas com a certeza de voltar no futuro para buscar o jipão bacanudo. Kotler explica.

Raio-x Ford Territory Titanium 1.5

O que é?
SUV de porte médio, quatro portas e cinco lugares

Onde é fabricado?
Fabricado na planta de Nanchang, China.

Quanto custa?
R$ 186.900

Com quem concorre?
O SUV chinês concorre com Chevrolet Equinox, Jeep Compass, Mitsubishi Eclipse Cross, Peugeot 3008 e Volkswagen Tiguan Allspace.

No dia a dia
O Territory é um SUV que agracia motorista demais ocupantes todo o tempo. O nível de acabamento elevado (com uso de couro e madeira), assim como espaço interno generoso e o pacote farto de conteúdos fazem dele um sedã executivo na carcaça de um utilitário. A câmera 360° e o Park Assist também “blindam” o jipão de pequenos deslizes.

Entre os recheios, destaca-se a central multimídia de 10,3 polegadas. Ela permite acesso a Apple CarPlay sem fio e também tem conexão Android Auto. Mas o interessante é que ele permite carregamento sem fio. Para quem tem um iPhone 8 ou superior, não há risco de a bateria esgotar com uso de diversas aplicações simultâneas.

Ar-condicionado digital de duas zonas, retrovisores elétricos, partida sem chave, bancos elétricos, teto solar panorâmico e assistentes com controle de cruzeiro adaptativo (ACC), frenagem autônoma a até 30 km/h, frenagem de emergência, alertas de colisão e ponto cego fazem desse carro bastante seguro. 

Motor e Transmissão
Se por dentro o Territory impressiona, sob o capô, não arranca suspiros. A unidade EcoBoost 1.5 de 150 cv e 22,9 mkgf de torque, é parelha com os motores das versões de entrada de seus concorrentes posicionados em faixas de valores mais baixos, com exceção do 3008. Não é um corredor, mas também não é um carro manco.

Já transmissão é do tipo CVT, que emula oito marchas. Esse câmbio tem uma programação para operar sempre em baixo giro, quando há pouca demanda, uma vez que todo torque está disponível a partir de 1.500 giros. No entanto, no momento em que se pisa mais forte ele ajusta as relações para elevar o giro com rapidez, uma vez que toda potência aparecem somente a 5.300 rpm.

Como bebe?
O consumo foi de 9,0 km/l no combinado entre trajeto urbano e rodoviário com gasolina.

Suspensão e freios
Utiliza suspensão independente e freios a disco nas quatro rodas. O modelo ainda conta com controles de estabilidade (ESP) e tração e assistentes de partida em rampa (Hill Holder). Tudo isso garante bom chão para o Territory, que tem bom comportamento dinâmico e não titubeia nas curvas.

Palavra final
O Territory se apresenta como um carro refinado, indicado para quem busca muito conforto e se dispõe a pagar um pouco mais pelo conteúdo, mas sem se importar com uma performance atlética. É um carro que impõe pelo design, como o 3008. 

O grande senão está no preço, mesmo com tantos conteúdos embarcados. Pois na faixa entre R$ 165 mil e R$ 190 mil, há um leque muito vasto de opções de diferentes segmentos, que podem ser mais atrativos. 

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