Uma testemunha de acusação prestará depoimento hoje pela primeira vez sobre a morte da juíza Patrícia Acioli, assassinada em 2011 por policiais militares. O promotor Leandro Navega disse que a testemunha é um policial civil e que poderá dar detalhes sobre como o crime foi articulado. O tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante do Batalhão de São Gonçalo, começou a ser julgado nesta quinta-feira, 20. Ele é acusado de ser o mandante do assassinato.
Onze testemunhas devem ser ouvidas hoje - seis de acusação e cinco de defesa. Duas testemunhas de acusação já prestaram depoimento: um delegado e um promotor, que trabalhava com Patrícia. O julgamento deve terminar na madrugada desta sexta-feira, 21.
Cláudio Luiz entrou no Tribunal do Júri de cabeça baixa, vestindo calça jeans e camisa social. "Esperamos que hoje seja feita Justiça. Ele não estava no palco dos acontecimentos, não mandou que crime nenhum fosse cometido", afirmou o advogado do policial militar, Manuel Jesus Soares.
Para a irmã de Patrícia, Simone Acioli, o julgamento do tenente-coronel Cláudio Luiz é o mais importante de todo o processo. "Seis policiais já foram condenados, mas se os mandantes escaparem, a impunidade continua. Ele foi o mentor do complô para matar a minha irmã", disse Simone, que chegou ao Fórum de Niterói acompanhada da mãe, Marly Acioli.
O ex-marido de Patrícia, Wilson Chagas Júnior, disse que a família está indignada porque os PMs condenados ainda não foram expulsos da corporação. "São assassinos, recebendo salários do governo", afirmou. A Polícia Militar chegou a abrir processo para expulsar os PMs condenados, mas liminares obtidas na Justiça suspenderam os trâmites.
Patrícia Acioli era titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, no Grande Rio, quando foi morta, em 11 de agosto de 2011, com 21 tiros, em frente ao condomínio onde morava, em Niterói. Ela vinha atuando em processos que tinham PMs como réus.
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