Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, não conteve a emoção ao anunciar nesta sexta-feira, 24, que deixará o cargo em 7 de junho para que o Partido Conservador possa escolher um novo líder, que será responsável por concretizar o Brexit, algo que ela não conseguiu fazer.
Em um discurso de seis minutos e meio, May tentou controlar o choro. "Eu, em breve, vou deixar a função que foi a honra da minha vida: a segunda primeira-ministra mulher -mas certamente não a última. Eu fiz isso sem ser obrigada, mas com uma gratidão enorme e duradoura em ter tido a oportunidade de servir o país que eu amo", disse May, já com a voz embargada e tentando conter as lágrimas. Ela se virou de costas e entrou pela porta do número 10 de Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro.
"Eu fiz tudo o que eu podia para convencer os parlamentares a apoiarem esse acordo [do Brexit]. Infelizmente, eu não fui capaz de fazer isso. Eu tentei três vezes. Então, hoje eu anuncio que estou deixando a liderança do Partido Conservador e o governo na sexta-feira, 7 de junho. Então, um sucessor pode ser escolhido", disse May, referindo-se a sua tentativa e de fazer o Parlamento aprovar o acordo de saída da União Europeia (UE), em uma declaração em frente a sua residência oficial em Londres.
"Acredito que era correto perseverar, mesmo quando as possibilidades de fracassar pareciam elevadas, mas agora me parece claro que no interesse do país é melhor que um novo primeiro-ministro lidere este esforço", afirmou em discurso, visivelmente emocionada. Países europeus e a Comissão Europeia reagiram ao anúncio da premiê.
May continuará no cargo para receber o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que realizará uma visita de Estado ao Reino Unido de 3 a 5 de junho. Ela também afirmou que continuará no cargo até o processo de escolha do primeiro-ministro termine.
Seu mandato, cheio de adversidades, críticas e até mesmo conspiração dentro de seu próprio partido, entrará para a História como um dos mais curtos na Grã-Bretanha desde a 2ª Guerra. Antes de assumir o cargo, seu sucessor terá que ser eleito para o cargo de líder do Partido Conservador, e depois oficialmente nomeado chefe de Governo pela rainha Elizabeth II.
O ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson, líder dos partidários da saída do Reino Unido, os Brexiteers, está entre os favoritos para substituí-la. Ele afirmou que "com certeza" vai concorrer ao cargo.
Theresa May assumiu o Executivo em julho de 2016, pouco depois de 52% dos britânicos votarem a favor do Brexit no referendo de 23 de junho de 2016, sucedendo David Cameron. Mas esta filha de pastor de 62 anos, ex-ministra do Interior, considerada uma mulher "difícil", não conseguiu convencer uma classe política profundamente dividida sobre a saída da UE. (Agências internacionais)