(Renata Caldeira)
No segundo dia de julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", três testemunhas, sendo uma da acusação e duas da defesa, foram ouvidas no Fórum Doutor do Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e alguns depoimentos acabaram prejudicando a defesa do réu. A estratégia era tentar desqualificar o inquérito e as investigações que apontam o ex-policial civil como executor de Eliza Samudio e como suspeito de um duplo homicídio. A última testemunha ouvida foi o corregedor da Polícia Civil, Renato Patrício Teixeira, que afirmou que "Bola" é investigado por suposto envolvimento na morte de dois homens que foram vistos pela última vez próximo à propriedade onde o acusado treinava policiais do Grupo de Resposta Especial da PC de Minas. Além disso, a testemunha afirmou que foi encontrado vestígios de sangue no local, no entanto, o material era insuficiente para a realização de um exame de DNA que poderia identificar as vítimas assassinadas e cujos corpos nunca foram encontrados. Além disso, Renato Patrício explicou ainda os motivos pelos quais "Bola" foi exonerado da Polícia Civil. Conforme o corregedor, o réu teria omitido a informação de que foi recusado pela Polícia Militar de Minas e São Paulo por falta de idoneidade. Porém, mesmo não sendo policial ele utilizada uma camisa do GRE e era responsável pelos treinamentos dos policiais que compunham o grupo. O deputado estadual Durval Ângelo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), afirmou que recebeu denúncias sobre o crime praticado na propriedade de "Bola" em maio de 2008 e pelo menos quatro audiências públicas foram realizadas sobre o GRE e sua atuação em Minas. Posteriormente, o caso foi encaminhado à Polícia Civil para que fosse investigado. O parlamentar informou que uma testemunha teria presenciado o crime na propriedade de "Bola" em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Entretanto, o informante não teria citado o nome do ex-policial, apenas de outros policiais. Mas o parlamentar assegurou que o nome de Marcos Aparecido dos Santos apareceu em outras denúncias que chegaram à Comissão. Já a primeira testemunha a ser ouvida nesta terça-feira (23), o detento Jailson Oliveira Alves, confirmou os depoimentos dados anteriormente e afirmou que ouviu de "Bola" que ele teria queimado o corpo da ex-modelo Eliza Samudio e jogado as cinzas em uma lagoa. Além disso, o detento reafirmou que o ex-policial teria comentado sobre um plano de execução de autoridades envolvidas nas investigações sobre a morte da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, entre elas a juíza MArixa Fabiane, o deputado Durval Ângelo e o delegado Edson Moreira. O depoimento de Jailson foi marcado ainda por desentendimentos entre o detento e Ércio Quaresma. O presidiário, que teria dividido cela com "Bola" na Penitenciária Nelson Hungria, chamou o defensor de "noiado" e advogado rebateu dizendo que a testemunha era "imbecil" e "delinquente". Diante da situação, a juíza Marixa Fabiane interviu e pediu que Quaresma tratasse o detento com mais respeito, já que ele estaria ali na condição de testemunha e não de réu.
Já o ex-caseiro do sítio do goleiro Bruno Fernandes, arrolado como testemunha de acusação, foi dispensado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro. João Batista Alves Guimarães teria ouvido o primeiro depoimento do ex-motorista Cleiton Gonçalves e do primo do atleta, então menor de idade, Jorge Luiz Rosa. Na quarta-feira (24), os trabalhos deve ser retomados às 9 horas e a expectativa é que as demais testemunhas sejam todas ouvidas. Faltam ainda os depoimentos do jornalista José Cleves e do delegado Edson Moreira, que vai falar na condição de informante.