CAIRO - Um tribunal do Cairo retomou neste sábado (14) o julgamento do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak por cumplicidade no assassinato de manifestantes durante a rebelião popular de 2011, que o depôs.
O ex-líder, atualmente em prisão domiciliar, compareceu nesta sétima audiência de apelação sentado em uma cadeira de rodas, atrás de uma espécie de jaula reservada aos acusados, segundo imagens da TV local.
Mubarak, de 85 anos foi condenado em junho de 2012 em primeira instância à prisão perpétua por cumplicidade na morte de manifestantes durante a revolta de 2011. Ele apelou e o tribunal de cassação ordenou um novo julgamento. Mubarak pode ser condenado à pena de morte.
A situação no país voltou a altos níveis de tensão. Na quinta-feira (12), o governo egípcio prorrogou por dois meses o estado de emergência no país, atingido por uma onda de violência desde que o Exército destituiu o presidente Mohamed Mursi e reprime violentamente as manifestações em seu apoio.
O estado de emergência foi decretado em 14 de agosto, dia em que o Exército, que instalou um governo interino após seu golpe, lançou com a polícia ofensivas de repressão aos manifestantes pró-Mursi no Cairo, matando centenas de pessoas.
Nas ruas, partidários de Hosni Mubarak pedem o retorno do presidente deposto pela revolta popular, e que volta a julgamento. Enquanto isso, os apoiadores de Mohamed Mursi enfrentam o exército e cobram, também, a volta do presidente "pelo sangue derramado para derrubar Mubarak".
Mursi foi destituído e preso pelo Exército em 3 de julho, após milhões de egípcios manifestarem exigindo a sua saída. Para justificar o golpe de Estado, o Exército se apoiou nestas manifestações. Um governo interino passou a ser responsável por mudar a constituição e organizar eleições gerais no início de 2014.
Desde o golpe, partidários de Mursi reclamam o seu retorno ao poder diariamente, ainda que sua mobilização tenha enfraquecido devido à repressão militar. O estado de emergência e o toque de recolher permitem o Exército manter sua vigilância nas ruas da capital e das principais cidades e de julgar membros da Irmandade Muçulmana sob a acusação de "terrorismo".