Um gestor de desafios: para evitar descontrole da pandemia, Kalil sofre ataques, mas recebe elogios

Evaldo Magalhães
primeiroplano@hojeemdia.com.br
07/05/2020 às 20:35.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:27

(Amira Hissa/PBH)

Embora siga na liderança do número de óbitos e casos confirmados de Covid-19 no Estado – até ontem, eram 25 e 860, respectivamente –, Belo Horizonte recebe seguidos elogios pelo rigor da administração municipal no combate à pandemia. Nesta semana, em entrevista a uma rádio local, até o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, elogiou o prefeito Alexandre Kalil ( PSD). “Vejo BH como uma referência para os demais prefeitos do Brasil”, afirmou o ex-ocupante da pasta, que se notabilizou pela defesa de critérios científicos na luta contra a doença. 

O mandatário da capital, contudo, tem sido obrigado a enfrentar inúmeros desafios para manter a situação na cidade distante do caos verificado em outros centros. 

Além de embates constantes com o governador Romeu Zema (Novo), quanto às formas de encarar o novo coronavírus – o que se explica também pela disputa política entre ambos –, Kalil tem sofrido pressões de parlamentares, tanto da Câmara Municipal quanto da Assembleia, de entidades classistas, que querem retomar logo as atividades econômicas, e até da Justiça, que aponta incompetência do prefeito para adotar algumas ações.
Juízes de primeira instância, por exemplo, têm dado liminares a lojistas de produtos não essenciais para que abram as portas, descumprindo o que determinou o prefeito. A PBH deve recorrer contra as decisões.

MPMG 
Outro episódio recente de tal disputa foi uma recomendação feita pelo Ministério Público (MPMG) à PBH, solicitando a suspensão de multas em um decreto municipal que proíbe a circulação de cidadãos sem máscaras. A Prefeitura informou, ontem, que ainda não havia sido notificada da recomendação. Mas, segundo o vereador Gabriel Azevedo (sem partido), a Câmara recebeu documento relacionado, assinado pelo promotor Leonardo Barbabela, “sobre a apuração de suposto ato de improbidade administrativa cometido pelo prefeito Alexandre Kalil por conta do decreto sobre multa para quem não usar máscaras”.

O MP pediu para saber se há no Legislativo autorização para que o Executivo aplique tais punições. “Ou o prefeito anula o decreto de imediato, ou a Câmara Municipal susta o decreto, ou o Ministério Público, função essencial à justiça, vai provocar o Poder Judiciário para lembrar que há lei no Brasil. Decreto não é brincadeira. Democracia não é brincadeira”, declarou Azevedo, no Twitter.

Rusgas com Zema
Na “briga” com Zema, o capítulo da semana teve declarações do prefeito sobre suposto atraso do Estado em repasses ao município, totalizando R$ 500 milhões. Kalil afirmou que haveria, no governo mineiro, um “gabinete do ódio” criado para prejudicar a gestão da cidade. Zema, por sua vez, lembrou que o único hospital de campanha construído na capital até agora foi obra do Estado. “Parece que está tendo muita falação e pouca ação. Prefiro quem age como eu, quem fala pouco e faz muito”, alfinetou.

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por