Uma greve mais que anunciada e o silêncio das autoridades

Hoje em Dia
25/02/2014 às 06:23.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:15

Uma greve de ônibus como a iniciada na segunda-feira (24) em Belo Horizonte sempre traz muitos prejuízos para os usuários desse meio de transporte coletivo – e não só para eles. No começo da tarde, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) já havia divulgado um cálculo de prejuízo de até R$ 19 milhões para o comércio da capital, no primeiro dia da greve.

Segundo o presidente da entidade, os lojistas não podem descontar dos funcionários a remuneração e os benefícios correspondentes à ausência no trabalho devido à greve dos rodoviários. Mas Bruno Falci aconselhou os associados a pleitearem no Judiciário a reparação dos prejuízos pelo sindicato dos motoristas e trocadores de ônibus.

Não se pode afirmar, porém, que o culpado único por essa situação tão prejudicial à população em geral seja o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de BH (STTRBH), que foi o responsável pelo chamamento à greve. Talvez mais culpa tenham os dois sindicatos das empresas de transporte de passageiros (SetraBH e Sintram), que não se dispuseram, antes da greve, a negociar as reivindicações dos trabalhadores.

Essa negociação ocorre sob a pressão da opinião pública, de entidades empresariais e da Justiça do Trabalho, que antes anunciou punição para o sindicato dos trabalhadores. Dessa vez, o TRT determinou a circulação de 70% da frota nos horários de pico e de 50% nos demais horários para todas as linhas do transporte coletivo. E estipulou multa diária de R$ 50 mil no caso de descumprimento. O valor da multa já foi maior: R$ 300 mil, na greve de fevereiro de 2010.

As vítimas dessas greves envolvendo concessionárias de serviços públicos essenciais não estarão erradas se jogarem a culpa também nas autoridades. Desde quinta-feira passada, quando em assembleia os motoristas e trocadores votaram pela greve a partir desta segunda-feira, o que se ouviu foi um silêncio ruidoso da parte da Prefeitura de Belo Horizonte e da BHTrans.

Esta última, por sua assessoria de imprensa, informou na manhã de segunda que não se pronunciaria sobre a greve, porque se trata de uma questão trabalhista. No entanto, às 14h, divulgou boletim sobre a greve, com um número surpreendente até para os mais renitentes burocratas: “Às 9h o total de passageiros afetados com a paralisação era de 347.744 usuários.” Como acreditar nisso?

Até então, nenhuma palavra do prefeito Marcio Lacerda, que no dia 9 de dezembro anunciou que, ao contrário dos outros anos, as tarifas dos ônibus não teriam reajuste naquele mês. E que qualquer alteração somente será feita depois da conclusão da análise da auditoria da BHTrans. Uma auditoria pedida após as manifestações de rua, em meados do ano passado, reclamando do preço alto dos ônibus em Belo Horizonte.

Não é permissível, ao prefeito, calar-se sobre essa questão.
 

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