A negociação para transferência de até R$ 1,4 bilhão do caixa da Mineração Usiminas (Musa) para a Usiminas siderúrgica está prestes a ser concluída, afirmou. Além desse dinheiro, entrarão no caixa da Usiminas, dentro de 30 dias, outro R$ 1 bilhão a ser colocado pelos sócios via operação de aumento de capital. Esses recursos, disse, serão suficientes para garantir a sobrevida e a adimplência da siderúrgica neste momento de crise.
Segundo Leite, que ontem participou do 27º Congresso Brasileiro do Aço, em São Paulo, a renegociação das dívidas com os bancos, que inclui alongamento e período de carência, também dará fôlego à empresa em seu esforço de reequilíbrio financeiro.
Segundo Leite, desde a suspensão dos pagamentos aos bancos, a empresa voltou a equilibrar despesas e receitas e não está mais queimando caixa com o pagamento de fornecedores. Ao final do primeiro trimestre, ainda restavam no caixa da Usiminas R$ 1,735 bilhão. “O momento é dificílimo, mas estamos caminhando. A estratégia de curto e médio prazo é garantir a sobrevivência da Usiminas. Para isso, colocamos nosso foco na gestão do caixa”, afirmou.
A operação de aumento de capital (lançamento de novas ações no montante de R$ 1 bilhão) caminha para ser concluída dentro do prazo, já que os sócios controladores da Usiminas, os grupos ítalo-argentino Ternium/Techint e japonês Nippon Steel & Sumitomo, se inscreveram para participar da operação dentro do limite de suas participações e ainda comprar as sobras. Mas a transferência do capital da Musa para a Usiminas ainda depende de negociação com o sócio da mineradora, o grupo japonês Sumitomo. “Não sei se tudo, mas deveremos transferir uma parte substancial”, disse. A Musa possui em caixa R$ 2,024 bilhões, o que significa que os 70% de participação da Usiminas no capital da mineradora lhe garantiria direito sobre R$ 1,4 bilhão. O dinheiro seria destinado ao plano de investimento traçado para a mineradora, de aumento da capacidade de produção de 12 milhões de toneladas/ano para 29 milhões de toneladas/ano, mas que foi abortado por conta da crise.
Leite também disse que o foco comercial da Usiminas está nas exportações, já que não há perspectiva de retomada do consumo interno de aço no curto e médio prazos. Os principais mercados trabalhados são a Argentina, o México e a Colômbia, na América Latina, e países da Europa, em especial a Alemanha. Com isso, disse, deverão ser preservadas as operações como estão atualmente. A Usiminas já desligou os altos-fornos da usina de Cubatão (interior de São Paulo), que atualmente trabalha apenas com laminação e decapagem, e um de seus três altos-fornos na usina de Ipatinga.
Steinbruch quer siderúrgica unida e participação maior
O presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, que também participou ontem do 27º Congresso Brasileiro do Aço, disse ontem que a divisão dos ativos da Usiminas entre seus sócios controladores, os grupos Ternium/Techint e Nippon Steel, “não é a melhor saída” para pacificar a empresa. Os dois grupos protagonizam, há mais de dois anos, uma violenta briga societária, e a divisão das usinas de Ipatinga e Cubatão entre eles vem sendo aventada como uma possibilidade de acordo. Já a CSN é a maior sócia minoritária da Usiminas, com uma participação de pouco mais de 14% no capital da empresa.
Perguntado sobre a decisão do no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que proibiu a CSN de comprar novas ações da Usiminas e determinou prazo (mantido em sigilo) para que a empresa venda a totalidade de sua participação na siderúrgica mineira, Steinbruch foi evasivo. “Continuamos trabalhando pelos nossos direitos”, afirmou.
Contraditoriamente à sua primeira decisão, em decisão recente o Cade deu ganho à CSN em seu pleito de indicar dois nomes para o Conselho de Administração da Usiminas. A CSN também participará da operação de aumento de capital que acontecerá dentro de 30 dias e também se inscreveu para comprar as sobras, ou seja, aumentar sua participação no capital da Usiminas.
O colunista viajou a convite do Instituto Aço Brasil