SÃO PAULO – A cada dois minutos, o câncer do colo do útero causa a morte de uma mulher no mundo. Só no Brasil, mais de 15 mil novos casos da doença são diagnosticados todos os anos e quase 5 mil mortes são provocadas pela enfermidade. Alarmantes, os números mostram que reduzir a mortalidade do segundo tumor mais frequente na população feminina ainda é um desafio a ser vencido.
“Praticamente todos os casos de câncer do colo do útero são decorrentes da infecção pelo Papilomavírus humano, transmitido durante a relação sexual”, afirma o professor-adjunto do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), José Focchi.
Conhecido popularmente como HPV, o micro-organismo pode provocar desde a formação de verrugas a lesões mais graves, precursoras de tumores malignos.
Como em uma gripe, a maioria das mulheres elimina o vírus de forma natural. Quando isso não ocorre, porém, o HPV progride silenciosamente. Os primeiros sinais do problema – como sangramento vaginal, secreção ou dor abdominal – só aparecem no estágio avançado da doença, quando as chances de cura são mais remotas.
Prevenção
Prevenir a enfermidade não é difícil, como ressalta Garibalde Mortoza Junior, presidente da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC).
Além da utilização do preservativo durante o ato sexual, as mulheres podem tomar as três doses da vacina – disponível apenas pela rede privada – ou realizar o exame do Papanicolau, que é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“A vacina é extremamente eficiente se for aplicada antes do início da vida sexual. Depois, ela perde um pouco da eficácia, embora ainda seja indicada”, diz.
O Papanicolau, por sua vez, precisa ser feito regularmente para que o problema seja detectado ainda no princípio.
“O problema é que pouca gente tem conhecimento sobre a importância desse exame. Uma pesquisa mostrou que 31% das mulheres entrevistadas nunca passaram pelo procedimento ou só o fizeram uma vez na vida”, afirma Garibalde.
O alerta também é feito por quem já enfrentou a doença, como a professora Juliana Tauil Tavares, de 37 anos. Quando o tumor dela foi descoberto, em setembro de 2012, já estava grande. Por causa da enfermidade, sentia fortes dores, semelhante às que são provocadas pelo cálculo renal.
Ela está em tratamento e se diz otimista com relação ao futuro. “Nem sinto mais dores”, diz.
* A repórter viajou a convite da Associação Brasileira de Colposcopia.
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