Valorização das sementes crioulas como patrimônio da humanidade

Jornal O Norte
17/11/2009 às 08:57.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:17

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária - Embrapa e do Departamento de Antropologia da Universidade de Campinas reuniram-se com agricultores e agricultoras produtores de campos de sementes crioulas do município de Porteirinha para trocar experiências, no último dia 10 de novembro na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais - STR do município.

São chamadas sementes crioulas, todas as sementes nativas e cultivadas na região, de variedade, que são cultivadas pelos antepassados há muitos anos. - Á medida que os grãos são selecionados, com o passar do tempo, a variedade vai melhorando, se adaptando naturalmente ao clima, região e tipo de solo, diz Elton Barbosa, coordenador do STR.

Os pesquisadores vieram para a região porque também acreditam na valorização das sementes crioulas como importante estratégia para agricultura familiar. O objetivo deles era além de conhecer a realidade local, dar continuidade à construção do Projeto de Conservação da Agrobiodiversidade junto aos Povos Tradicionais do Norte de Minas apresentando propostas e ouvindo sugestões.

O Projeto pretende através da metodologia participativa, identificar famílias agricultoras e povos tradicionais na região e contribuir para a articulação entre eles, incentivando a criação de bancos de sementes crioulas, a conscientização, o protagonismo e a valorização da sabedoria e cultura popular.

O assessor da presidência da Embrapa em Agricultura Familiar Nicolau Schaun, também esteve presente. Com mais de 30 anos de trabalho na pesquisa e em defesa da agricultura familiar; ele falou sobre a importância das sementes crioulas, sobre o valor dos agricultores e sobre as ameaças contra a agricultura familiar e biodiversidade como as sementes e insumos comerciais.

Para o agricultor e também diretor do STR, Nilton César de Oliveira, - é muito importante projetos que venha fortalecer nossa agricultura familiar. E completou - é preciso que a agricultura familiar saia da dependência econômica e comercial, para assim que a chuva bater na terra, as famílias tenham sementes selecionadas adaptadas à região.

Depois da reunião, os pesquisadores seguiram para a propriedade de Geraldo Gomes, agricultor e guardião de sementes crioulas na comunidade Touro, município de Serranópolis de Minas. Geraldo possui o maior banco de sementes da região, onde armazena mais de 200 variedades, entre elas 46 de feijão e 17 de milho.

Há 17 anos o Sindicato dos Trabalhadores Rurais - STR de Porteirinha desenvolve projetos de resgate de variedades de sementes crioulas com acompanhamento técnico e sócio técnico nos bancos e campos produtores de sementes. Nas últimas 2 safras, chegaram a ser distribuídas cerca de 50 toneladas de sementes de milho e sorgo de sete variedades, através do processo de compra e doação simultânea.

Além de contribuir para a biodiversidade, a semente crioula garante a melhoria de renda das famílias. Isso porque elas deixam de comprar sementes dos estabelecimentos comerciais e ainda garantem sementes para plantio da próxima safra. (Fonte: ASA Minas/STR Porteirinha)

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