
No início dos anos 1950, a General Motors queria construir um esportivo leve e divertido como os modelos europeus, mais precisamente os roadsters britânicos, como e Jaguar XK120 MG Roadster TC e similares. Coube a Harley Earl desenhar o Corvette que estreou em 1953 e se tornou o maior ícone da GM, em linha a 71 anos (ele ficou fora de linha no ano de 1983).
E depois de oito gerações, a GM resolveu que era hora de pensar num Vette global e não mais em um carro puramente americano. Ela incumbiu um conceito ao recém inaugurado Centro de Estilo do Reino Unido, nos arredores de Birmingham.
Futurista, o Corvette UK Concept é exótico, mas com elementos que revelam a linha de design inaugurada em 1963 com a geração C2 (Sting Ray) e que evoluiu para o modelo atual. O bico afilado é herança das gerações C3 e C8.
Já os para-brisas dianteiro e traseiro são referências claras da segunda geração, que tinha vidros traseiros bipartidos. Na lateral, os para-lamas ondulados seguiam a linguagem “Coke Bottle”, em alusão aos contornos da garrafa de Coca-Cola.
Ele conta com portas do tipo gaivota e grandes coletores de ar, para efeito aerodinâmico. Ele ainda recebeu tomadas laterais com a mesma proposta. Devaneios longe da realidade de um carro final.
Por dentro, apenas ideias. Um volante achatado e um console limpo, livre de instrumentações obrigatórias e elementos funcionais.
“O mandato da nossa equipe de design avançado vai muito além da criação de veículos de produção. Enquanto colaboram com nossa rede global de design em programas de veículos de produção e conceito, essas equipes têm como principal tarefa imaginar como a mobilidade poderá ser daqui a cinco, dez e até vinte anos e impulsionar a inovação para a GM”, explica o vice-presidente sênior de design global, Michael Simcoe.
Na prática, o novo Vette não será uma obra de mãos britânicas, chinesas e sul-coreanas (localidades em que há centros de estilo da GM).
Certamente o Vette C9 será desenhado, chancelado e carimbado em Detroit. Mas certamente terá elementos globalizados.
Aliás, a atual geração (C8) é um carro de essência europeia. Pela primeira vez, o Vette teve o motor V8 Small Block reposicionado. Ele sempre foi montado sobre o eixo dianteiro e foi “empurrado” para a posição central traseira.
A explicação à época era que o Corvette precisava entregar comportamento dinâmico próximo dos esportivos europeus. Leia-se: Ferrari.
De fato, o C8 é uma espécie de Ferrari F8 Tributo de Detroit. Algo que daria arrepios no Comendador Enzo. No entanto, é preciso reconhecer que o carro se transformou num esportivo de alta performance e não mais num carro feito para acelerar em linha reta.
Assim, o Corvette do Reino Unido surge como uma proposta de estilo, com elementos que podem dar norte à próxima evolução do grande ícone da General Motors. Mas uma coisa é certa, para que o Vette tenha futuro é preciso olhar mais para o Velho Mundo do que para o Velho Oeste.