O mercado automotivo brasileiro tem seguido os passos de praças como a norte-americana, japonesa e europeia, com grande percentual de carros novos com transmissão automática.

Trata-se de um recurso que conquistou o interesse do consumidor e também da indústria, que nos últimos anos se viu obrigada a qualificar seus produtos. Assim, a caixa manual tornou-se uma "exclusividade" de modelos de entrada (e olhe lá).

Mas os puristas não abrem mão da transmissão manual, mesmo com as comodidades e da agilidade das trocas automáticas. Lá fora, essas caixas com pedal de embreagem se tornaram opcionais de luxo em modelos esportivos. 

Mas a troca manual tem seu charme, é a conexão direta entre motorista e motor. É o controle absoluto da rotação do momento da troca.

E foi pensando nisso que a Ford anunciou que iria trazer, em 2025, o Mustang com transmissão manual de seis marchas. A caixa será acoplada ao imenso V8 Coyote 5.0 de 488 cv e quase 70 kgfm de torque. 

Trata-se de um carro para motoristas experientes, pois demanda uma precisão e sensibilidade absurda no pedal da embreagem para evitar trancos ou literalmente derreter os discos se o pé ficar estacionado sobre ela.

E se não bastasse, na pista, não basta apenas pisar com força com o pé esquerdo, também será necessário frear e dar aceleração com a ponta do calcanhar (punta taco) para entrar na curva sem retardos. 

No teaser que a marca divulgou há uma foto de um mocassim de couro sobre meias brancas justamente no momento em que o pé esquerdo debreia e o direito freia e acelera ao mesmo tempo. Essa combinação é uma referência à inesquecível volta de Ayrton Senna em um Honda NSX, no circuito japonês de Suzuka. 

Para este momento, a Honda instalou uma câmera focada nos pés do tricampeão, outra no conta-giros e uma terceira que mostrava o Senna ao volante. O balé dos mocassins é algo fabuloso de se ver. Ou seja, o Mustang manual será um carro para iniciados.