Motores três cilindros turbinados estão em alta. Hoje, boa parte dos automóveis com valores entre R$ 100 mil e R$ 160 mil utilizam esse tipo de motor. Mas há quem ainda desconfie desses pequenos motores de pistões ímpares.
No segmento de sedãs compactos, um dos nichos que sofre com a dinastia dos SUVs (e também das picapes compactas) conta com boa parte de seus modelos com esse tipo de motor. Mas o velho motor aspirado de quatro cilindros ainda resiste.
E é com esse tipo de motor que o Nissan Versa quer vencer no Brasil. A segunda geração do sedã chegou aqui em 2020 completamente renovada. No entanto, a Nissan não quis saber de trocar o bloco.
O modelo utiliza o mesmo motor 1.6 quatro cilindros da geração passada. O bloco é combinado com transmissão do tipo CVT, com emulação de seis marchas. Trata-se do mesmo conjunto do Kicks.
Mas a vida do Versa não é fácil. Entre os sedãs compactos, ele só não fica atrás do primo Renault Logan. Com 8.859 unidades licenciadas, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o Versa fechou 2023 na 48ª posição no varejo.
Mas a Nissan não quer ser líder com o Versa. Afinal, o sedã é importado do México e por aqui ela fabrica o Kicks, que vendeu quase 51 mil unidades no ano passado.
Mas vale a pena apostar no Versa? Testamos a versão topo de linha Exclusive, que custa R$ 130 mil. O sedã oferece excelente qualidade de acabamento e ótima montagem.
O pacote de conteúdos oferece quadro de instrumentos parcialmente digital, partida sem chave e multimídia (com conexão Android Auto e Apple CarPlay, assim como câmera 360º). O pacote ainda adiciona climatização digital, bancos revestidos em couro, vidros, travas e retrovisores elétricos.
O pacote de assistentes conta com alerta de colisão frontal, alerta de tráfego cruzado em ré, monitor de fadiga, frenagem autônoma de emergência e sensor de ponto cego. Só faltou o controle de cruzeiro adaptativo (ACC). O pacote é complementado com seis bolsas infláveis.
O espaço interno é agradável e a posição de dirigir é ótima. O sedã leva quatro adultos com folga. O quinto passageiro sofre no assento central. Já o bagageiro comporta 482 litros.
Motor e transmissão
O velho motor 1.6 do Versa está longe de ser um atleta. Seus 113 cv e 15,3 kgfm de torque estão bem aqui dos pequenos motores turbo de HB20S, Virtus e Onix Plus, assim como o modernizado bloco 1.5 o Honda City, que também é aspirado.
Aliás, também seguem a velha receita Toyota Yaris Sedan e Fiat Cronos. O Logan não entra na briga pois utiliza bloco 1.0 três cilindros de apenas 82 cv. Mas o que joga contra o Versa é a relação do bloco com transmissão CVT.
O conjunto se mostra muito satisfatório e agradável no uso urbano. O carro se desenvolve de forma suave, é uma delícia de guiar. Mas quando se exige torque, a história muda. O conjunto demora a responder, assim, uma ultrapassagem na estrada demanda muito espaço para e certeza de que é possível completar a manobra.
O sedã conta com uma tecla SPORT, escondida na manopla da transmissão. Ela ajusta a relação para manter o motor na faixa máxima de torque. É uma boa opção na hora de ultrapassar.
Mas se o Versa é tranquilo no trânsito, também é moderado para beber. Seu consumo urbano, com etanol gira em torno de 8,1 km/l. Um número aceitável para um sedã com caixa automática.
Suspensão e freios
O conjunto de suspensão utiliza sistema McPherson e eixo de torção. O acerto privilegia a estabilidade, mas o curso é curto e qualquer depressão mais profunda (não precisa ser uma cratera) faz com que os amortecedores cheguem ao batente e a pancada incomoda. Já os freios também seguem o trivial do segmento, com discos ventilados (frente) e tambores (traseira).
Palavra final
O Versa é um ótimo sedã, apesar de sua performance deixar a desejar. Mas é uma opção qualificada para quem ainda acredita no mito de que o motor três cilindros turbo não presta, como não prestavam os motores 16V até há pouco tempo.