A construção de pistas na Marginal do Tietê e as restrições que tiraram milhares de ônibus fretados e de caminhões das ruas de São Paulo no horário de pico já perderam o efeito. Após um período de melhora, a velocidade média dos veículos caiu em todas as horas do dia.
Estudo da Prefeitura publicado na terça-feira, 6, no Diário Oficial mostra que, nas vias rápidas, a velocidade média no pico da manhã (das 7h às 10h) caiu 13% em 2012, em comparação a 2011, passando de 48 km/h para 42 km/h. Das 17h às 20h, passou de 26 km/h para 22 km/h, redução de 14%.
Também houve diminuição nas vias arteriais. De manhã, a velocidade média passou de 26 km/h para 23 km/h, diminuição de 11%. À tarde, foi de 17 km/h para 15 km/h, uma queda também de 11%.
A lentidão, em quilômetros, aumentou em todos os horários. De manhã, o aumento em relação a 2011 foi de 17%, passando de 58 km para 68 km. No horário entre picos (das 10h30 às 16h30), ficou em 46 km no ano passado, elevação de 59% em relação a 2011. No pico da tarde, a média de lentidão era de 92 km, 19% de variação positiva.
A adoção de frequentes restrições pode ter melhorado o trânsito entre 2010 e 2011, segundo o urbanista e consultor de engenharia de tráfego Flamínio Fichmann, mas o efeito já passou. "Essas medidas produziram um alívio curto. Acho natural: quando você muda uma regra, há um pequeno impacto no trânsito. Mas, se você tem uma curva histórica de piora, essas medidas restritivas não vão ser capazes de melhorar isso."
Fichmann cita, como exemplo, a Marginal do Tietê. Após a reforma de R$ 1,3 bilhão que aumentou o número de pistas, inaugurada em 2010, e a restrição a caminhões, que começou a valer no ano seguinte, a velocidade média do trânsito cresceu. Em vias de trânsito rápido, como a Marginal, a velocidade média no pico da tarde subiu de 14 km/h, em 2009, para 20 km/h, em 2010, e para 26 km/h, em 2011. A evolução parou por aí.
Além de a velocidade média ter voltado a cair, o trânsito entre 10h e 17h, horário em que os caminhões podem circular, aumentou quase 60% em toda a cidade. "Não estou dizendo que medidas pontuais não tenham efeito. Elas têm, mas são muito pontuais. Não se pode abandonar melhorias no sistema viário, mas é preciso pensar em intervenções mais radicais", argumenta Fichmann.
O estudo mostra, ainda, que a frota de veículos continua aumentando. No primeiro ano do rodízio, em 1997, a capital tinha uma média de 46,2 veículos para cada 100 habitantes. Em 2012, a taxa era de 64,7 veículos por 100 habitantes. Enquanto a população aumentou 12,3% de 1997 a 2012, a frota registrada na cidade cresceu 57,3%.
Obediência
Os dados também mostram um pequeno aumento na taxa de obediência ao rodízio na primeira meia hora da proibição. No pico da manhã, os índices passaram de 84%, em 2011, para 85% em 2012. Já no pico da tarde, foi de 74% para 76% de um ano para outro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.