Vendas da indústria de cimento crescem 2,9% até agosto

Paulo Henrique Lobato
03/10/2019 às 20:15.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:03

(Flávio Tavares/Arquivo Hoje em Dia)

Após amargar quatro anos sucessivos de quedas na produção e registrar o fechamento de mais de uma dezena de fábricas em todo o país, a indústria cimenteira nacional, que é considerada um dos termômetros da economia doméstica e tem Minas Gerais como principal parque fabril, irá fechar 2019 com aumento nas vendas, mas o setor irá esperar seis anos para retornar aos mesmos patamares de 2014, no melhor desempenho das fábricas.

A previsão é do presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Sinc), Paulo Camillo Pena: “Hoje, estamos recuando para como se fosse 2009, 2010... Se tivermos um crescimento vertiginoso, demorará seis anos para chegarmos ao mesmo nível de 2014. É uma projeção temerária, mas é uma visão otimista”.
De janeiro a agosto, o setor apurou aumento de 2,9% sobre o mesmo período de 2018, mas trata-se de uma base de comparação fraca, pois o ano passado foi marcado pela greve dos caminhoneiros. No caso das cimenteiras, a perda foi de 900 mil toneladas do produto. 

Desta forma, trata-se de um aumento mascarado. O sindicato acredita que o crescimento real, no acumulado dos oito primeiros meses do ano, seja em torno de 1,5%. Para todo 2019, o salto, levando-se em conta o percentual “mascarado”, deverá chegar em 3,5%.

“Então, estamos crescendo 2,9% sobre uma base horrorosa”, reforçou o executivo.

Já para 2020, contudo, o setor deverá avançar 4,2% sobre este ano. Ainda estará longe dos resultados de 2014, quando foram produzidas 89 milhões de toneladas de cimento, mas será o segundo ano consecutivo de aumento.

Na prática, comemora o setor, mesmo com o percentual mascarado trata-se da confirmação do fim da tendência de queda. É o retorno do início da tendência de alta nos resultados. 

A recuperação deverá reduzir o percentual de 47% da capacidade de produção ociosa, o que levou fornos a serem desligados. Vale explicar que, assim como nas siderúrgicas, o desligamento de um forno significa que a estrutura dificilmente voltará a ser reaproveitada, devido ao alto custo para religá-la.

“Além de fornos desligados, fecharam fábricas a partir de 2015. Hoje temos 22 plantas fechadas”, recordou o presidente do Sinc.
Mas o cenário começa a mudar. Um dos motivos da reversão da curva de desempenho se deve à retomada do crescimento da construção civil, um dos principais empregadores do Brasil.

Entretanto, o que acontece com a construção civil não tem reflexo imediato nas cimenteiras. Tradicionalmente, apenas no ano seguinte. 
“Com a retomada da construção civil, ainda vamos demorar algum período para ter a recuperação na velocidade que outras atividades estão tendo”, acrescentou o executivo.

 Para reduzir custos, aposta pode ser no uso de resíduos de lixo

As produtoras de cimento planejam usar resíduos de lixo como combustíveis para os fornos, reduzindo custo da produção e ajudando o meio-ambiente.

Nos últimos anos, uma espécie de força-tarefa formada por faculdades, o Sinc e outras entidades e órgãos investiram em pesquisas que resultaram no documento denominado Mapa Tecnológico do Cimento. 

Objetivo é reduzir a emissão de gases na natureza e ao mesmo tempo tornar a produção menos cara. Para se ter ideia, cerca de 50% do custo do cimento é energia.

“Agora, estamos desenvolvendo marcos regulatórios para queimar o lixo urbano. A ideia é que seja uma grande fonte de energia. A gente contribui para a erradicação dos lixões. Contribuiremos ainda para que os prefeitos cumpram a política nacional de resíduos sólidos. O lixo seria reciclado. O resíduo mais úmido seria encaminhado para o aterro”, disse o presidente do sindicato.

O compromisso assumido pelo Sinc tem quatro pilares como objetivos, sendo o uso de resíduos de lixo um deles.

Outro é encontrar alternativas novas para a composição do produto, como uso de escória da indústria siderúrgica.

Outro pilar é a eficiência energética. “Foi feito um mapeamento em todo o Brasil onde teríamos, por exemplo, no campo da biomassa, passivos ambientais que poderíamos usar como energia. Passamos a usar este passivo ambiental em energia alternativa. Isso substitui o coque do petróleo”, acrescentou o executivo.

O último pilar é o uso de novas tecnologias para redução da emissão de gases.

  

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por