SÃO PAULO - O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou em cadeia nacional de TV e rádio que a operação realizada pelo presidente Hugo Chávez em Cuba para a retirada de um tumor maligo foi um sucesso.
Mais cedo, o ministro da Informação venezuelano havia confirmado que Chávez já estava na mesa de cirurgia, em um hospital de Cuba.
Esta foi a quarta vez, em um ano e meio, que o presidente passou por uma operação como parte do tratamento de um câncer na região pélvica.
Segundo Ernesto Villegas, o presidente acordou ontem "com muita força e inspiração" e com "absoluta confiança de que vencerá os obstáculos que surgiram no caminho da vida".
O primeiro anúncio oficial a respeito do estado do presidente foi feito após Rafael Correa, presidente do Equador, ter afirmado que Chávez já havia sido levado à mesa cirúrgica.
"É uma operação delicada", disse Correa durante evento em Tulcan, no Equador. "Ele está passando por um dos momentos mais difíceis da sua vida. O nosso coração e a nossa solidariedade estão com o histórico presidente", disse o equatoriano.
Correa é aliado de Chávez e viajou na segunda-feira a Cuba para visitá-lo, antes da operação. Esta foi a primeira vez em que Chávez anunciou um sucessor.
Na semana passada, ele viajou de Cuba a Caracas e anunciou, que, se impossibilidade de continuar o mandato, seu sucessor seria o vice, Nicolas Maduro. Naquele mesmo dia, qualificou a operação como "imprescindível".
O regresso a Caracas foi a contragosto dos médicos, que queriam fazer a cirurgia imediatamente, mas Chávez argumentou que precisava fazer um novo pedido aos parlamentares para sair do país. Chávez afirmou ter feito "esforço adicional". Disse sentir "dores de alguma importância", que está tomando calmantes e que são "inegáveis" os riscos da nova intervenção.
Esta é a quarta cirurgia pela qual o presidente passa desde junho de 2011, quando descobriu o tumor. No início deste ano, ele ficou mais tempo em tratamento em Cuba que na própria Venezuela, para fazer uma cirurgia em fevereiro e uma série de radioterapias e quimioterapias.
Os rumores da piora do estado de saúde de Chávez aumentaram após ele anunciar que o ex-chanceler e atual vice, Nicolás Maduro, seria seu candidato em uma eleição presidencial em que ele não estivesse. Esta é a primeira vez em 14 anos em que o mandatário apontou um sucessor.
"Ele é um completo revolucionário, um homem de grande experiência, apesar da juventude, com uma grande dedicação e capacidade para trabalhar. Em um cenário em que sejamos obrigados a fazer uma nova eleição presidencial, vocês devem escolher Nicolás Maduro."
O temor é que, após a cirurgia, o presidente morra ou fique impossibilitado de dirigir o país, o que faria com que Maduro completasse este mandato, que dura até 10 de janeiro.
Se essas possibilidades acontecerem após o início do novo mandato de Chávez, quem assume o país é o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que será o responsável por convocar novas eleições nos 30 dias subsequentes.
Maduro, 50, é um ex-motorista de ônibus e líder sindicalista venezuelano, que se aproximou do mandatário na década de 1990. Um dos aliados mais próximos do presidente, é muito popular entre os venezuelanos por causa de sua simpatia.