Virou bagunça

22/04/2017 às 12:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:13

Houve um tempo em que definir a que categoria pertencia um veículo era coisa simples. Havia os hatches, os sedãs, cupês, peruas, furgões e picapes (considerando o desenho da carroceria); compactos, médios ou grandes; dois ou três volumes, e estávamos conversados. Não que o consumidor precisasse ser expert em denominações para fazer escolhas na hora de comprar, mas a identificação era quase automática, ainda que explicada de jeitos como “eu quero aquele, com bumbum”, ou “prefiro a versão curtinha, sem o porta-malas proeminente”.

Mas eis que, nas últimas duas décadas, a indústria automobilística resolveu inventar moda e criar novos segmentos, que não se encaixavam nos tradicionais. Primeiro foram as minivans, ou MPVs (algo como veículos multifuncionais), produzidas sobre a plataforma de modelos menores, mas mais altas e espaçosas, apostando nas famílias. Em seguida, alguém imaginou que dar uma pegada fora de estrada a modelos urbanos seria a tendência, e apareceu outra sigla: SUVs, ou veículos utilitários esportivos, com algumas características básicas, como a linha de cintura alta, a maior distância em relação ao solo (e uma posição mais elevada de direção), pneus mistos.

Sem contar que, na onda do sucesso da novidade, vieram os crossovers, que não chegam a ser SUVs, ou misturam o melhor de cada mundo – têm um quê de perua, outro de utilitário, e assim por diante. E como não era o bastante, apareceram os SUV cupês, em que, da cintura para baixo, tem-se as características básicas do primeiro segmento e, dela para cima, linhas que mais lembram o segundo. E aí você olha para modelos tão diferentes quanto uma Porsche Cayenne e um Jeep Renegade e se pergunta: trata-se do mesmo tipo de veículo ou não? E quando se fala de dimensões, há agora os subcompactos, e o que é grande para o brasileiro é médio ou pequeno para o norte-americano, e por aí vai.

O mais interessante é que nem as próprias montadoras sabem mais como enquadrar o que fabricam. A Audi apresentou, no Salão de Xangai, o conceito elétrico e-Tron Sportback e, ao longo do material de divulgação, se refere a ele como esportivo, depois SUV, e ainda GT. O que ele é na verdade? Boa pergunta, já que tem um pouco de cada, mas não é nenhum dos três. E como a criatividade de desenhistas e engenheiros parece não ter fim, a bagunça tende a ficar ainda maior. Se você não sabe definir as categorias dos veículos, não se preocupe, porque nem quem entende e fabrica consegue mais. Guarde o nome e a imagem que já está de bom tamanho.

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