Depoimento de Maria Silvia de Oliveira Franco, 43 anos, ex-paciente:
"Quando cheguei à clínica de Abdelmassih, em 1997, com 26 anos, ele disse que não tinha como eu e meu marido sairmos dali sem um bebê nos braços porque eu era o melhor tipo de paciente que ele tinha: jovem e sem problemas de saúde. Ele dizia que meus embriões eram excelentes.
Nas duas primeiras tentativas de fertilização, não engravidei. Em ambas, eu voltei para casa com dor e sangramento no ânus e peguei uma infecção, que ele disse ser normal. Provavelmente ele me violentou quando eu estava sedada.
Na terceira e última tentativa, ele me avisou que aplicaria seis embriões, quando o permitido eram apenas três. Engravidei, mas, aos dois meses, ele viu que o coração do bebê não estava batendo. Disse que não tinha mais chance e que, nas semanas seguintes, eu teria uma 'menstruação muito forte'. Não tive nada e ele me receitou um abortivo. Na época, tinha uma viagem marcada e ele me orientou a fazê-la porque, com a pressão do avião, a chance da 'grande menstruação' chegar era grande. Nada aconteceu e, aos quatro meses, eu só sentia dores fortes.
Liguei para ele e fui proibida de ir ao hospital. Falou que era para eu ir para a clínica. Antes mesmo de ir, fui ao banheiro e o feto saiu morto. Ele ainda pediu que eu o guardasse na geladeira, não queria que ninguém soubesse.
Depois de tudo isso, eu e meu marido pedimos uma nova tentativa, já que ele tinha produzido 16 embriões em cada ciclo e só usava 6. Ele falou que descartava os embriões excedentes, jogava no ralo da pia. Só depois fui perceber que ele provavelmente vendia meus embriões para mulheres que tentavam produções independentes."