Vítimas do consumo excessivo de bebida alcoólica

Hoje em Dia
Publicado em 12/04/2013 às 06:25.Atualizado em 21/11/2021 às 02:45.

Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, realizada em 149 municípios de vários estados, revelou que 18,5% das mulheres brasileiras estão consumindo álcool de maneira excessiva. Há seis anos, eram 15%. O coordenador do estudo, Ronaldo Laranjeira, que é professor de psiquiatria da universidade, diz que o aumento reflete a maior frequência de beber socialmente, e não em casa. Mais de 25% das 4.607 pessoas entrevistadas eram adolescentes.

É considerado consumo excessivo beber num período curto de tempo quatro unidades ou mais de bebida, no caso das mulheres, ou cinco no caso dos homens. Desse modo, quando se senta numa mesa de barzinho e consome, em apenas duas horas, quatro latas de cerveja ou uma taça de vinho ou uma dose de vodca, a mulher entra nessa classificação.

O consumo excessivo ficou estável nas classes mais ricas, mas cresceu 43% nas classes C e D e 48% na classe E. O que parece indicar que a elevação da renda da população situada na base da pirâmide econômica está contribuindo para o aumento de bebidas alcoólicas no Brasil. Cresce também a preferência pela cerveja entre os mais pobres, que antes bebiam cachaça por causa do preço. Isso pode ser constatado pelo grande crescimento do faturamento das fabricantes de cerveja no Brasil, que têm investido cada vez mais em publicidade.

E, por vezes, abusado. Há três anos, o Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) julgou antiético o comportamento de uma cervejeira que pagou para que o apresentador de um programa popular de televisão e seus convidados fizessem rasgados elogios, para “benefício” dos telespectadores, sobre a qualidade de sua cerveja. Essa propaganda subliminar, usada no passado pelos fabricantes de cigarros em filmes de Hollywood, hoje está muito presente no Brasil nas telas da TV, sob o nome de merchandising. Sobretudo em novelas mais direcionadas à nova classe média, como “Avenida Brasil”, em que, por qualquer motivo, os moradores de uma vila na periferia se reuniam no Bar do Silas para tomar cerveja. Como se sabe, as novelas têm, como público mais interessado, as mulheres.

A melhor forma de se contrapor ao avanço dos fabricantes de bebidas alcoólicas é limitar a publicidade, como foi feito com a indústria de cigarros. Há outra maneira ao alcance do governo: cobrar altos impostos, para encarecer o produto e reduzir o consumo. E para compensar os gastos crescentes dos hospitais públicos com alcoólatras. 

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