WikiLeaks: audiência revela condições "degradantes" de Manning na prisão

AFP
28/11/2012 às 08:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:44
 (MLADEN ANTONOV/AFP)

(MLADEN ANTONOV/AFP)

FORT MEADE - O soldado Bradley Manning compareceu na terça-feira (27) ao tribunal militar de Fort Meade, em Maryland, para uma audiência consagrada ao severo regimen carcerário imposto ao militar que entregou milhares de documentos secretos ao site WikiLeaks.

Na audiência, o advogado David Coombs tratou de demonstrar a responsabilidade do governo americano no severo regime de isolamento imposto a Manning na prisão militar de Quantico, na região de Washington, sob a falsa alegação de que corria risco de suicídio.

O ex-comandante da prisão, coronel Daniel Choike, justificou a decisão de impor condições especiais a Manning devido a seus "pensamentos suicidas", detectados "constantemente" em um "procedimento coletivo cotidiano".

Citado e interrogado pela defesa, Choike admitiu ter recebido instruções sobre a "importância do caso" após a chegada de Manning à prisão, em julho de 2010, diante do "risco de suicídio", da "gravidade das acusações" e da "cobertura substancial da mídia".

Afirmando que o Exército abusou de sua autoridade, a defesa pediu a retirada de todas as acusações contra Manning, com base no artigo do código militar que proíbe "castigo ilegal antes do julgamento".

Coombs citou o isolamento total do prisioneiro durante sua detenção de nove meses em Quantico, intimidação, nudez forçada, proibição de fazer exercícios e até a ausência de banho de sol.

"Ficou detido em isolamento durante nove meses em condições que o enviado da ONU qualificou de desumanas e degradantes", disse à AFP Emma Cape, militante pacifista da rede de apoio a Bradley Manning.

Dezenas de manifestantes protestaram na entrada de Fort Meade para exigir a libertação de Manning, afirmando que "denunciar crimes de guerra não pode ser um crime".

Manning, 24 anos, é acusado de entregar ao WikiLeaks entre novembro de 2009 e maio de 2010 documentos secretos sobre as guerras do Iraque e Afeganistão, além de 260 mil despachos do departamento de Estado.

O soldado, que optou por ser julgado em um tribunal militar, pode ser condenado à prisão perpétua por colaborar com o inimigo.

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