Xarás, rivais e precisando refletir...

Publicado em 28/06/2017 às 10:43.Atualizado em 15/11/2021 às 09:17.

Quando viveu sua melhor fase em temporadas recentes, Rafael Carioca não era o clone tupiniquim de Xavi, Xabi Alonso ou Busquets que alguns sugeriam. Hoje, período no qual anda especialmente criticado, não é o culpado por todos os problemas da nação. Numa análise geral, que independe de momentos um pouco melhores, ou um tanto desfavoráveis, no que tange à carreira deste jogador como um todo, me parece que ele precisa “tomar uma decisão”; para chegar num patamar claramente consistente, num nível realmente elevado, necessitaria adicionar ao seu jogo pelo menos uma de duas características: ou marca com mais firmeza, se torna mais competitivo, pegador, ativo, dinâmico, ágil, na etapa defensiva, ou apura seus predicados com a posse, crescendo no sentido de ser mais agudo, vertical, efetivo, energético, fazendo mais a diferença na construção, não se limitando aos toques óbvios para o lado ou para trás – esse upgrade ofensivo poderia acontecer por meio do aumento na frequência de passes mais profundos, e/ou pela evolução na habilidade para conduzir a bola com alguma rapidez, atacar espaços, infiltrar-se, auxiliar na quebra de linhas...

Se desenvolver os atributos mencionados inicialmente, tornar-se-ia um primeiro volante bem mais confiável, sólido, valorizado; afinal, tem considerável refinamento e bom aproveitamento nos passes simples – seria, assim, eficaz na saída de bola e na destruição, na proteção, ainda que não fizesse chover na criação. Caso ampliasse seus dotes relativos ao instante de agredir o oponente, teríamos nele um segundo homem de mão-cheia: grau de marcação provavelmente aceitável para esta posição, bons passes curtos para principiar as jogadas e ajudar seu escrete a controlar o meio, manter a posse, e um tempero diferente para somar ao conjunto de modo minimamente acentuado na hora de atacar. Grosso modo, o que não dá, é para ficar nesse “chove não molha”, nesse “meio-termo”: sem pegada para deixar todos tranquilos quanto à sua proficuidade enquanto primeiro volante, e sem méritos suficientes com a bola para ser genuína e regularmente útil quando o Galo está com a redonda.

Entre os celestes de Minas Gerais, outro Rafael parece padecer de uma espécie de crise de identidade – não que ele saiba – e carece de nova reflexão em torno dos rumos de sua carreira. Sóbis? O goleiro? Claro que não... Marques; esse sim... O recém-contratado teve dois períodos bons na sua trajetória. Um pelo Botafogo, vindo de trás, caindo mais pelo centro, e um pelo Palmeiras – fazendo o lado direito numa linha de três meias de um 4-2-3-1 (não me refiro ao passado recente no clube paulista, no qual permanecia completamente escanteado; aqui falo de uma era já remota, não muito longa, e nada extraordinária). Rafael Marques escancarou publicamente que não se vê como centroavante. Nem “falso 9”. Pelo seu jeito de atuar, porém, deveria buscar desenvolver-se nessas atribuições. Afinal, apesar de ter feito relativo sucesso como meia outrora – nada demais e nada duradouro –, acredito que o saldo por ali não é exatamente favorável, se tivermos em mente uma exigência compatível à vigente em clubes gigantes, como o Cruzeiro. Entendo também que os rompantes positivos salientados tenham sido um tanto circunstanciais, em determinadas acepções.

Alto, lento, pouco dinâmico, ágil, técnico e habilidoso para o patamar que se demanda seja para um cara de beirada, ou para um armador que edifica centralizado, teria chances maiores de triunfar, pelas propriedades, pelo estilo que oferece, como a peça mais adiantada de uma equipe. Na Raposa, deixo claro, não o utilizaria em nenhum setor, atualmente, com o mínimo de frequência. Está bem abaixo tanto dos arquitetos, quanto dos atacantes azuis. Para mim, se encontra no final da fila em ambos os “locais”. Não o teria contratado. Discordo do pedido de Mano.

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