Tem dragão no samba

Inflação do Carnaval é três vezes maior que a geral, mas não abala foliões

Janaína Fonseca
jmaria@hojeemdia.com.br
17/02/2023 às 19:00.
Atualizado em 17/02/2023 às 19:01
Até mesmo tomar uma água vai custar mais: alta de 8,17%, acima da correção da cerveja, que ficou em 7,54% (Maurício Vieira)

Até mesmo tomar uma água vai custar mais: alta de 8,17%, acima da correção da cerveja, que ficou em 7,54% (Maurício Vieira)

Depois de dois anos sem Carnaval, os foliões estão ansiosos para curtir quatro dias de muita festa, ou de descanso, dependendo do gosto de cada um. Mas seja no meio da muvuca ou em um recanto bem sossegado, todo brasileiro vai ter uma companhia de peso: o dragão da inflação. O monstrengo também ficou bem animado nos últimos 12 meses, louco para colocar as garras de fora e jogar todo seu fogo sobre os produtos que envolvem a Festa de Momo. E ele não poupou esforços. O índice de preços ficou em 15,5%, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), mais de três vezes superior à inflação básica do período, de 4,62% (IPC-DI).

Só nas passagens aéreas, que lideram o ranking dos maiores aumentos, a ira foi de 58,83%. Quem planejou sair de BH teve que desembolsar bem mais para embarcar em um avião. Da mesma forma, os turistas que querem curtir a folia na capital mineira tiveram que enfiar a mão no bolso. Além das passagens, os preços das diárias de hotéis estão 9,85% mais caros, segundo o levantamento que listou 26 itens que costumam ser consumidos pelos foliões nessa época.

Acessórios
Outro impacto importante foram das tarifas de táxi (11,82%) e do transporte por aplicativo (9,93%). Ou seja, itens essenciais para o folião entrar em cena. Em Belo Horizonte, por exemplo, a prefeitura reajustou as tarifas de táxi no último dia 13. O valor da correção para uma corrida média, de 5 km, foi de 12,11%. Segundo o município, a alteração ocorre após sete anos de congelamento da tarifa.

Outro produtinho que não pode faltar nesse período e que ficou em terceiro lugar no ranking é o anticoncepcional, com alta de 11,57% nos últimos 12 meses. Ainda na linha de itens de farmácia, o gastoprotetor - para aliviar os efeitos da ressaca em quem exagerou na bebida - está 6,77% mais caro. 

O economista Matheus Peçanha, responsável pelo levantamento, afirma que o avanço da demanda no pós-pandemia foi o principal responsável por essa escalada de preços. “Essa é uma cesta muito focada em serviços: alimentação fora de casa, hotelaria, táxis e transporte por aplicativos. Todos esses serviços sofreram muito com falta de demanda no período da pandemia e agora têm mais espaço para reajustar seus preços, mesmo com o emprego e a renda ainda comprometidos. Então, o folião que se expuser a esse consumo vai gastar mais”, diz Peçanha.

Mas isso não é um problema para a Dj Laura Dutra, de 22 anos. Sempre animada para a folia, ela conta que dois anos sem Carnaval é muitro triste e que, agora, não perderia a folia por nada. "Mesmo estando mais caro, eu me preparei financeiramente para aproveitar. Sei que vai ser uma pancada no bolso, mas vou curtir o Carnaval", garante.

Não adepta da bebida alcoólica, ela diz que se hidrata com água, sucos e refrigerante, produtos que também sofreram a influência da inflação nos últimos 12 meses. O preço da água mineral, por exemplo, subiu mais (8,17%) do que o da cerveja (7,54%). Mas, apesar disso, a Dj Luds, como é conhecida, já está com todos os acessórios, brilhos e roupas coloridas preparados. "É para entrar no clima da festa mesmo", diz.

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