lácteos mais caros

Com alta de 36% em duas semanas, preço do leite já impacta no de queijos

Hermano Chiodi
hchiodi@hojeemdia.com.br
Publicado em 30/06/2022 às 07:57.
Queijos com muita saída, usados em receitas de massas e pão de queijo, estão com um preço diferente a cada semana, segundo vendedores do Mercado Central (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Queijos com muita saída, usados em receitas de massas e pão de queijo, estão com um preço diferente a cada semana, segundo vendedores do Mercado Central (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

O preço do leite disparou e registrou alta de 36% nas duas últimas semanas. De acordo com pesquisa do site Mercado Mineiro, em 17 de junho litro do longa vida era encontrado a R$5,10 em Belo Horizonte; nesta terça-feira, a mesma marca já custava R$6,98 nos principais supermercados da capital. 

Um aumento que levou junto o preço de vários produtos lácteos, inclusive o queijo. Presença garantida na mesa de muitos mineiros e uma das principais estrelas no Mercado Central de BH, o queijo canastra e o minas já registravam uma alta anual de 8,9% na medição feita pelo IPCA-15, divulgado pelo IBGE, e esse percentual deve subir ainda mais nas próximas pesquisas.

É o que avalia a economista e professora das Faculdades Promove Mafalda Valente. Segundo ela, o preço do leite é o que define o dos demais produtos lácteos, como queijo e manteiga, por exemplo, e a razão da alta vai além das variações comuns de todos os anos. 

“A primeira razão é a entressafra, que provoca um aumento dos produtos lácteos nessa época. Mas neste ano temos também um forte aumento de custos, nos combustíveis, energia, insumos e, ainda, uma redução da produção”, afirma.

Esse comportamento incomum dos preços foi notado também por comerciantes, como o vendedor de queijos Renato Ramálio Miranda, que há 11 anos trabalha em uma banca de queijos no Mercado Central. 

Segundo ele, os clientes têm ficado assustados com os preços, que estão mudando praticamente toda semana. 

“Queijos com muita saída, como a muçarela ou os queijos curados, que o pessoal compra para fazer receitas de massas e pão de queijo, por exemplo, estão com um preço diferente a cada semana. Tem aquela negociação, mas a margem para abaixar é muito pequena”, conta.

Renato concorda que é normal o preço dos queijos subir na época mais seca, e que, normalmente, o preço reduz em setembro, com a retomada das chuvas. Porém, ele acredita que desta vez será diferente e, se houver uma redução, deve ser pequena. “Acho que não volta ao preço de antes não, subiu muito”, afirmou.

Essa também é a opinião da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), que afirma que a elevação dos custos de produção, nos últimos 12 meses, desestimulou a produção e reduziu os estoques de leite, forçando uma alta no preço pago pelas indústrias de produtos lácteos.

“Estamos vendo alguns produtores diminuindo seus investimentos na produção, vendendo vacas e saindo da atividade”, afirma o analista de agronegócios da Faemg, Alexandre Gonzaga.

Um aumento que obriga consumidores como a dona Erionice Fátima de Paula a rever hábitos. Ela compra queijo a cada duas semanas “no máximo” e percebe a diferença cada vez que vai às compras. 

Erionice diz que não consegue mudar a rotina e mesmo com preços altos busca estratégias para não ter que mudar as receitas. “O segredo é você encontrar um lugar com qualidade e preço baixo. Fica até mais fácil de negociar”, conta.

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