Julgamento

‘Eu não consegui trazer ele de volta’; esposa de vítima da Backer documentou evolução da intoxicação

Clara Mariz
@clara_mariz
26/05/2022 às 18:34.
Atualizado em 26/05/2022 às 22:15
 (Marcelo Almeida / TJMG / Divulgação)

(Marcelo Almeida / TJMG / Divulgação)

No quarto dia do julgamento do Caso Backer, a última pessoa a depor nesta quinta-feira (26), no Fórum Lafayette, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi a mulher de uma das vítimas de intoxicação pela ingestão da cerveja "Belohorizontina''.

Eliana Reis, chorou por diversas vezes durante a fala diante do juiz. E apresentou fotografias que mostram a difícil evolução do quadro clínico do seu marido. 

O homem foi internado em fevereiro de 2019, com sintomas de intoxicação alimentar, como vômitos, diarreia e gastroenterite. A depoente contou que o marido estava há dias sem urinar e, assim que chegou ao hospital, foi direto para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Após 489 dias na UTI e 22 dias internado no quarto do hospital, o marido de Eliana Reis morreu. Num relato emocionado, a mulher disse que o viu “apodrecer por dentro e por fora” e que sabia que ele sentia muita dor. 

De acordo com Eliana, no terceiro dia de internação, o ombro do marido ficou paralisado e para não deixar os músculos atrofiarem ela mesma começou a fazer movimentos com as mãos e as pernas dele para estimular a musculatura. Já no quarto dia, a vítima de intoxicação da cerveja não conseguia mais fechar os olhos e teve uma parada cardiorrespiratória, entrando em coma. 

Ao juiz, a viúva disse que fez de tudo para amenizar a dor do marido. Contou que descobriu saliva artificial, protetor labial com gosto de cereja; fazia ginástica com ele todos os dias, aprendeu a fazer drenagem e o limpava todo dia. “Lutei muito para trazer ele de volta e eu não consegui”, disse a mulher à imprensa ao sair. 

Julgamento 

Este foi o último dia de depoimentos das testemunhas de acusação do Caso Backer. Desde o início, parentes, vítimas, peritos e representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) foram ouvidos na capital mineira em audiências. Conforme o Fórum Lafayette, 23 testemunhas e 4 vítimas prestaram seus depoimentos. 

No total, 11 pessoas foram denunciadas. Três sócios-proprietários da empresa respondem pela prática dos crimes de envolvimento na adulteração de bebidas alcoólicas, perigo comum e crimes tipificados no Código de Defesa do Consumidor.

Sete encarregados da fabricação de cerveja foram denunciados pelos crimes de lesão corporal grave e gravíssima, homicídio culposo, além dos crimes imputados aos sócios. Uma pessoa foi denunciada por prestar informações falsas na fase de inquérito policial.

Nenhum dos envolvidos foi acusado de crime doloso, quando há intenção de provocar a morte. Por isso, não haverá júri popular.

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