Ibama cobra revisão de ações e novas medidas de segurança pela mineradora Samarco

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
15/04/2016 às 17:42.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:58
 (Jorge Cardoso/MMA)

(Jorge Cardoso/MMA)

Conclusão dos trabalhos definitivos em todo o complexo Germano, dragagem emergencial na hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), revisão do plano de replantio nas margens afetadas e despoluição de outros 15 afluentes da região afetada pelos rejeitos de minério. Essas são as principais conclusões do relatório elaborado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após vistoria na área atingida pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana. 

O resultado de uma vistoria de três dias na região foi apresentado nesta sexta-feira (15) em reunião na sede do Ibama, em Belo Horizonte. Quinze técnicos do Instituto e dois profissionais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) participaram dos trabalhos. As visitas foram feitas em 18 pontos, localizados entre a barragem e a hidrelétrica de Candonga, em Santa Cruz do Escalvado.

Segundo o superintendente do Ibama em Minas, Marcelo Belisário, todas as ações precisam ser realizadas antes do próximo período de chuva para evitar novos estragos. Uma das principais preocupações está na hidrelétrica. Lá, 16 metros de rejeitos de minério se acumularam em uma das paredes do empreendimento e oferecem risco de rompimento. (Assista à entrevista com diretores do Ibama abaixo)

"Esse material precisa ser dragado. A ação, no entanto, envolve além da Samarco, vários outros órgãos. É preciso uma ação conjunta", disse o superintendente Marcelo Belisário, que ainda completou: "Existe um esforço efetivo da empresa em todo o trecho afetado, mas também percebemos que outras ações são necessárias". 

Durante as vistorias, os técnicos do Ibama também constaram pelo menos oito pontos de erosão ao longo das margens entre Bento Rodrigues e Santa Cruz do Escalvado. Conforme o diretor substituto de biodiversidade do Ibama, André Sócrates, as estruturas também oferecem risco de novos carreamentos em caso de chuva.

O relatório elaborado pelo Ibama será encaminhado à Samarco e ao Ministério Público (MP).

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Procurada, a Samarco afirmou que desconhece o risco de rompimento da hidrelétrica de Candonga, conforme aponta o relatório elaborado pelo Ibama. A empresa garantiu que está tomando as providências necessárias para dragar o rejeito de minério.

As obras para a contenção definitiva dos rejeitos remanescentes na barragem de Fundão estão com as sondagens concluídas e o projeto de engenharia está em andamento, informa nota enviada pela mineradora. A previsão é a de que as obras sejam iniciadas ainda no primeiro semestre deste ano.
 
Sobre o questionamento do Ibama com relação ao replantio das margens afetadas pelo rompimento da barragem – que têm favorecido erosões – a Samarco disse que “as espécies foram apresentadas e aprovadas pelos órgãos ambientais e têm o objetivo de contenção emergencial de sedimentos. O plantio possui excelente performance e a manutenção das áreas é parte do escopo do trabalho. Cabe ressaltar que este plano é dinâmico e é continuamente adaptado de acordo com as necessidades”.

Já em relação aos outros 15 cursos d’água poluídos detectados pelo Ibama, a empresa disse que o trabalho de recuperação está em andamento. “Estão sendo recuperados afluentes entre a barragem de Fundão e o lago da Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), de acordo com o plano de recuperação ambiental apresentado ao Ibama no dia 17 de fevereiro”.

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