O ataque a dois agentes penitenciários próximo do Complexo Nelson Hungria expôs a insegurança dos servidores da Administração Prisional. Em contato direto com presos de todos os níveis de periculosidade, os agentes vivem em constante alerta.

O temor maior, segundo o presidente da Associação Mineira dos Agentes e Servidores Prisionais (AMASP), Diemerson Souza, é durante o deslocamento de casa para o trabalho e do trabalho para a casa. Foi justamente neste trajeto que os dois servidores foram alvos de bandidos nesta terça-feira (31). A dupla foi alvejada quando seguia para iniciar o plantão em uma das principais unidades prisionais do Estado. "Todos os agentes sempre andam cautelosos, justamente pela profissão de risco que exercem. Agora, este alerta terá que ser redobrado", reforçou Souza.

Para ele, a proporção do ataque só não foi maior porque um dos servidores conseguiu revidar aos tiros e, assim, espantar os criminosos. Mesmo assim, segundo o presidente da AMASP, um dos feridos foi baleado dez vezes. O outro foi atingido duas vezes. Um adolescente que passava na rua na hora do atentado também foi alvejado no pé. O estado de saúde de todos é estável, conforme a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap).

As duas vítimas eram de Montes Claros e tomaram posse no ano passado, quando foram lotados em Contagem. Os dois já haviam solicitado transferência para o Norte de Minas.

Bandeira manchada de sangue

Na avaliação do presidente da AMASP, o Estado agiu corretamente ao suspender as visitas na Nelson Hungria por 7 dias. "É preciso apurar de onde partiu esse ataque. Não descartamos a hispótese do mando ter vindo de dentro da penitenciária".

Para Diemerson Souza, a medida poderia ter sido aplicada a todas as unidades prisionais de Minas. "Não foi um agente da Nelson Hungria que sofreu o atentado. Foi um agente do Estado. A bandeira de Minas Gerais agora está suja de sangue".

Ataque

Na manhã desta terça-feira, dois agentes foram baleados nos arredores da Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Um adolescente de 13 anos que passava pelo local, e estava a caminho da escola, também foi atingido.

O caso ocorreu por volta das 6h40 na rua VP Um, no bairro Nova Contagem. Os três feridos foram socorridos e levados de ambulância do sistema prisional até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Contagem.

Conforme a Polícia Militar (PM), o crime foi cometido por criminosos que estavam em uma Saveiro vermelha. Os bandidos passaram disparando em direção aos agentes penitenciários. Um deles teria revidado e atirado em direção ao veículo.

Um agente foi atingido no abdômen e o outro no rosto. A criança foi baleada no pé. Após o atentado, os bandidos fugiram em direção a Ribeirão das Neves. A PM montou uma força-tarefa para caçar os suspeitos do crime. Porém, até o momento ninguém foi preso. 

A Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP) informou que trabalha para esclarecer os motivos e as circunstâncias do crime. 

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