Narcio é réu em ação que apura desvio na Hidroex

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
30/06/2016 às 23:13.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:07

O ex-presidente do PSDB mineiro, Narcio Rodrigues, e outras 14 pessoas se tornaram réus, acusados de desviar cerca de R$ 14 milhões em recursos públicos na licitação, obras e compra de equipamentos da Fundação HidroEx, no Complexo das Águas, em Frutal, no Triângulo Mineiro. Dentre os acusados está Waldemar Anastasia Polizzi, que é primo do ex-governador Antonio Anastasia e aguarda o julgamento em liberdade.

Os envolvidos são acusados de fraude à licitação, organização criminosa, peculato, embaraço de investigação, lavagem de dinheiro, além de corrupção ativa e passiva. Como desmembramento da Operação Aquaelis, deflagrada em 30 de maio, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou duas denúncias à Justiça (ver infográfico), que serão julgadas pelo juiz da vara criminal de Frutal, Luiz Gustavo Moreira.

A primeira denúncia inclui um esquema ainda na fase de licitação. Os envolvidos teriam direcionado a disputa, beneficiando a Construtora Waldemar Pollizi Ltda (CWP), que já foi de Waldemar Anastasia Polizzi. Dessa forma, apesar de 32 empresas terem acessado o edital, apenas a CWP foi habilitada para concorrência.

Já na fase de execução das obras, o possível esquema corrupto continuou. A empresa teria recebido por serviços não executados ou feitos de forma diferente do combinado, além de receber duplamente pelo mesmo trabalho, sendo beneficiada com, pelo menos, R$ 8,771 milhões.

A outra acusação é a de um acordo ilícito para financiar as campanhas eleitorais às prefeituras em 2012. Segundo o MP, o esquema teve a participação do ex-secretário de Estado de Ciência e Tecnologia na gestão do PSDB Nárcio Rodrigues. Em linhas gerais, a empresa portuguesa Yser receberia R$ 15 milhões por meio do que chamaram de “financiamento a fundo perdido” e em troca daria R$ 3 milhões a agentes públicos. Segundo as investigações, o grupo teria transferido, no semestre de 2012, 400 mil euros, para contas em paraísos fiscais (Samoa e Hong Kong).

Em contrapartida aos 400 mil euros, os acusados encaminharam R$ 4,748 milhões para a SRN Comercial Importadora e Exportadora S.A, do grupo Yser. No mesmo ano, foram desviados R$ 250 mil para a Fundação de Apoio à Universidade Federal de São João del- Rei (Fauf), por meio de um Termo de Cooperação Técnica da Hidroex. Em seguida, Narcio teria recebido, em nome da empresa FGA Assessoria e Negócios Ltda, constituída por “laranjas”, R$ 259 mil. A justificativa formal foi que o recurso seria direcionado à prospecção de projetos no continente africano.

O promotor do Grupo Especial de Promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, William Garcia Pinto Coelho, explica que o objetivo seria financiar campanhas mas não dá para afirmar quais políticos foram beneficiados. As investigações, que permanecerão, sugerem que tenham sido para políticos do PSDB. Outros nomes ainda podem surgir.

Oito pessoas já foram presas desde o dia 30 de maio, incluindo Narcio. O presidente da Yser, Bernardo Maia, está foragido. Os demais envolvidos, aguardam o julgamento em liberdade.

Em nota, o PSDB diz defende a apuração de todas as irregularidades e que os responsáveis sejam julgados. Quanto o possível uso do recurso para financiar campanhas, o partido afirma desconhecer qualquer irregularidade que possa ter sido cometida por qualquer candidato.

Em nota, a assessoria do atual senador Antonio Anastasia diz que ele defende a apuração das irregularidades e explica que Waldemar Polizzi deixou de ser sócio da CWP em dezembro de 2009. Entre maio de 2010 e novembro de 2011, ele foi funcionário da empresa. O ex-governador não é investigado. O advogado de Narcio, Sânzio Baioneta, classificou as denúncias como “imputações genéricas, voltadas à incriminação infundada de Narcio”. Os demais envolvidos nas denúncias não foram localizados.

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