Após fuga de mais de 150 presos, comércio e escolas fecham em Bauru

Folhapress
24/01/2017 às 19:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:32

Escolas, parte do comércio e órgãos públicos de Bauru, no interior de SP, fecharam no fim da manhã desta terça-feira (24) após uma rebelião em um presídio da cidade que terminou com 152 fugitivos. De acordo com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) de São Paulo, até o início da noite, cem deles haviam sido recapturados. A secretaria afirma todos os presos envolvidos no episódio e os apreendidos regredirão ao regime fechado.

O tumulto no CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Bauru começou por volta das 8h30, quando um agente penitenciário surpreendeu um dos presos com um celular, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo. Os detentos incendiaram colchões e conseguiram escapar da unidade.

Com a fuga em massa, a Prefeitura de Bauru fechou as portas de todos os equipamentos municipais, com exceção das unidades de saúde e atendimentos de urgência e emergência, "por medida de segurança". A administração disse que seguiu orientação do comando da Polícia Militar. Às 14h, os órgãos da prefeitura reabriram para atendimento ao público. Agências bancárias da região central também fecharam as portas.

Assim que boatos sobre assaltos a lojas do centro da cidade começaram a surgir nas redes sociais, a região do calçadão da Batista de Carvalho, centro comercial de Bauru, ficou quase deserta. Os comerciantes fecharam as lojas com medo de possíveis roubos. "A gente achou melhor, por precaução, fechar as portas", comenta Aldemiro José Alves, diretor da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Bauru.

Algumas lojas reabriram depois das 14h, com a volta dos serviços da prefeitura, mas a maior parte do comércio decidiu voltar a abrir só na quarta-feira (25). "Eu não vi policiais na rua e fiquei com medo. Vamos esperar saber dos recapturados", disse  Rafael Cavaca, dono de uma loja na zona sul da cidade.

Com rumores de assaltos, Jhonatan Matheus, que trabalha numa indústria de joias, evitou ir ao centro da cidade na hora do almoço. A empresa em que trabalha tem uma loja no centro que nem foi aberta. O estudante Caio Pantaleão só foi autorizado a deixar a escola particular na companhia da sua mãe, às 11h45. Normalmente ele vai e volta para casa sozinho e de ônibus.

A avenida Rodrigues Alves é o principal corredor comercial de Bauru e estava com lojas fechadas, com movimento típico de manhã de domingo, com poucas pessoas circulando. Cláudio Oliveira deixou os pais Inez, 68 anos, e Geraldo, 76 anos, de sobreaviso para que não abrissem a porta. Ele foi ao centro comprar um celular porém a loja estava fechada. "Eu deixeis meus pais trancados", conta.

A comerciária Gislaine Menezes estava aflita no ponto do ônibus. Ela saiu uma hora mais cedo do trabalho com receio de ficar sozinha no ponto da Rodrigues. "Fiquei com medo de não ter ninguém no ponto", diz ela.

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REBELIÃO

Diferentemente do que aconteceu em presídios onde houve chacinas no começo do ano, a rebelião em Bauru não foi motivada por briga de facções, de acordo com a Polícia Militar.

A corporação disse que há membros da facção paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) no local, mas que eles não dominam o presídio. A versão, no entanto, é contestada pelo Sindcop (Sindicato dos Servidores Penitenciários), que diz que a quadrilha paulista tem, sim, controle do CPP. A Polícia Civil diz que identificou dez líderes do motim, que serão transferidos para a penitenciária de Álvaro de Carvalho (SP), a 100 km do CPP em Bauru.

A SAP informou que a situação dentro do presídio foi controlada e que a Polícia Militar, com ajuda do Grupo de Intervenção Rápida, formado por agentes de segurança penitenciária, realizam a contagem dos presos. Contudo, a secretaria não informou quantos presos fugiram e quantos foram recapturados.

O helicóptero Águia, da PM, percorreu a cidade para ajudar a localizar os detentos fugitivos. A penitenciária, que foi inaugurada em 1955, fica na altura do km 349 da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros. A unidade tem capacidade para 1.124 detentos, mas abriga atualmente 1.430 em regime semiaberto -podem sair para trabalhar durante o dia, mas precisam retornar para a unidade à noite.

De acordo com a SAP, 208 presos trabalham fora da unidade, exercendo atividades externas, outros 65 em empresas dentro da unidade e 358 trabalham em atividades de manutenção do próprio presídio.

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