Cidade da Zona da Mata é alvo da PF em operação contra tráfico de pessoas e trabalho escravo

Cidade da Zona da Mata é alvo da PF em operação contra tráfico de pessoas e trabalho escravo

Estadão Conteúdo
Publicado em 09/08/2018 às 09:35.Atualizado em 10/11/2021 às 01:50.
 (Reprodução/Instagram )
(Reprodução/Instagram )

O município de Leopoldina, na Zona da Mata mineira, é um dos alvos de uma megaoperação da Polícia Federal, em parceria com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal. A Operação Fada Madrinha foi deflagragrada nesta quinta-feira, (9), em Franca, interior paulista, em combate ao tráfico internacional de pessoas e o trabalho escravo.

Em nota, 52 policiais federais deram cumprimento a cinco mandados de prisão preventiva e oito mandados de busca e apreensão também nas cidades de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), Jataí (GO) e Rio Verde (GO), todos expedidos pela 2ª Vara Federal de Franca, SP.

A investigação teve início em novembro de 2017, quando a Polícia Federal recebeu informações de que transexuais estavam sendo aliciadas pelas redes sociais com promessas da realização de procedimentos cirúrgicos para a transformação facial e corporal e da participação em concursos de misses na Itália.

As investigações apontam que as vítimas, ao chegarem à cidade de Franca, em busca das promessas, eram submetidas à exploração sexual e à condição análoga à de escravas, sendo obrigadas a adquirir itens diversos dos investigados (roupas, perucas, sapatos etc.), o que as levava a um ciclo de endividamento.

Os investigados aplicavam silicone industrial no corpo das vítimas e as encaminhavam para clínicas médicas para implante de próteses mamárias, havendo indícios de que as próteses utilizadas eram provenientes de reúso.

As vítimas consideradas mais bonitas e promissoras eram enviadas à Itália para a participação em concursos de misses, tudo a expensas dos investigados, o que dava causa a um novo ciclo de endividamento. Naquele país, eram novamente submetidas à exploração sexual para o pagamento de suas dívidas com o grupo criminoso.

No decurso das investigações foi apurado que esquema semelhante ao de Franca estava em curso nos Estados de Goiás e de Minas Gerais e que havia uma parceria comercial entre os investigados, mediante o "intercâmbio" de vítimas.

Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de tráfico internacional de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, associação criminosa, rufianismo e exercício ilegal da medicina. Se condenados, as penas podem ultrapassar 25 anos de reclusão.

Acompanharam as diligências nesta data representantes do Ministério do Trabalho e Emprego e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que ficarão responsáveis por medidas protetivas às vítimas.

 
Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por