Controle da inflação

Banco Central mantém Selic em 13,75% e entidades alertam para necessidade de reaquecer a economia

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
26/10/2022 às 20:01.
Atualizado em 26/10/2022 às 20:12
 (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

(Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. Em comunicado, o Comitê de Políticas Monetárias (Copom) informou que os juros devem continuar em patamar elevado pelo tempo necessário para lidar com as “incertezas da economia brasileira”. 

A taxa Selic é utilizada pelo governo federal para controlar a inflação, que hoje está em 7,17% em 12 meses. A Selic é uma referência para todos os empréstimos e operações bancárias no país. Uma taxa alta encarece o crédito e tende a diminuir a atividade econômica e forçar uma redução nos preços. O Copom, órgão do Banco Central que determina o valor da Selic, não descartou a possibilidade de novos aumentos caso a inflação não caia como o esperado.

Reações

A decisão causou reações entre economistas mineiros. A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) divulgou nota elogiando a decisão do governo de não aumentar os juros novamente. “A decisão do Banco Central brasileiro vem em consonância com o visível processo de descompressão inflacionária em curso no país, alavancado, especialmente, pelas medidas recentes de desoneração de itens como combustíveis, energia e telecomunicações”, afirma. 

Contudo, a entidade alertou que é preciso estar atento a uma desaceleração elevada. ”É necessário levar em consideração as implicações negativas de uma taxa básica de juros tão alta para a economia brasileira, que já apresentou recuo da atividade em agosto”, concluiu.

A Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas) também alertou para o baixo crescimento econômico do Brasil e criticou a manutenção da taxa Selic em nível elevado. Segundo a associação, é preciso pensar o equilíbrio econômico do Brasil para o próximo ano e a taxa de juros elevada representa um risco fiscal preocupante.

“Precisamos resgatar a confiança dos investidores internos e externos, desburocratizar a legislação tributária e voltar a investir seriamente em educação. A qualidade do debate das eleições deste ano consegue ser ainda pior que a dos anos anteriores. Enquanto isso, os principais problemas que afligem os mais pobres e os pequenos empreendimentos continuam se avolumando sem previsão de serem resolvidos”, afirma Paulo Casaca, economista da ACMinas.

A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) também manifestou uma expectativa para redução da taxa Selic em patamar que permita uma recuperação econômica mais ágil. “Estamos a poucas semanas de duas datas importantes para o comércio, a Black Friday e o Natal, épocas em que itens de maior valor agregado são adquiridos. De toda forma, ainda que a Selic não esteja no patamar ideal, a decisão de manter é melhor do que um aumento que, com certeza, prejudicaria as vendas de fim de ano”, afirma o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva. 

Opinião semelhante à do presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade. Segundo a CNI, a expectativa é a de que a queda inicie nos próximos meses. “Os juros em nível mais baixo deixam de representar entrave tão intenso ao consumo e aos investimentos e, assim, permitem melhor desempenho da economia. E, além disso, não comprometem o processo de combate à inflação”, avaliou o presidente da entidade.

Variação da Selic

A taxa continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a segunda vez seguida em que o BC não mexe na taxa, que permanece nesse nível desde agosto. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

De março a junho do ano passado, o Copom elevou a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da inflação e o agravamento das tensões no mercado financeiro, a Selic foi elevada em 1,5 ponto de outubro do ano passado até fevereiro deste ano. O Copom promoveu dois aumentos de 1 ponto, em março e maio, e dois aumentos de 0,5 ponto, em junho e agosto.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

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