PABLO DIAS

Cavaquinista mineiro supera distonia focal e lança primeiro álbum autoral com dois shows em BH

Distúrbio neurológico e vício quase interromperam carreira do artista, que venceu Prêmio BDMG Instrumental e já tocou com nomes como Yamandu Costa

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 29/08/2024 às 20:47.Atualizado em 30/08/2024 às 14:49.
 (Paulo Colen/Divulgação Floriano Comunicação)
(Paulo Colen/Divulgação Floriano Comunicação)

Chamada distonia focal, a contração involuntária das mãos é um distúrbio neurológico. A descoberta da doença em importante momento da carreira quase fez o mineiro Pablo Dias abandonar o instrumento que domina, o cavaquinho. Vencedor do Prêmio BDMG Instrumental e figura conhecida da cena do choro e do samba em Belo Horizonte, o artista que já tocou com nomes como Yamandu Costa e Moacyr Luz deu uma guinada - na carreira e na vida - ao desenvolver uma técnica própria para se manter cavaquinista. 

Neste mês, colhe os fruto da persitência. Pablo Dias lança o primeiro álbum autoral, “Amanhecer”, com dois shows na capital mineira. Inteiramente instrumental, o disco expõe o talento e a destreza do artista que se reinventou.

As apresentações acontecem em 4 de setembro no Cine Theatro Brasil Vallourec, às 19h; e no dia 15 no Parque Lagoa do Nado, às 15h. Os ingressos para o show no teatro custam R$10 (inteira) e podem ser comprados pelo site Eventim. Para a apresentação no parque a entrada é gratuita, sem necessidade de retirada de ingressos.

Vício e superação na reconstrução da carreira

O disco “Amanhecer” ganhou vida pelo esforço de Pablo Dias e amigos. Após descobrir a doença que afetou o movimento das mãos, aos 21 anos, o artista se deparou com o vício em cocaína, se afastou dos palcos, parou de compor e quase abdicou da música.

“Me distanciei da música, me senti cada vez mais vazio, mas decidi ‘reiniciar’ toda a vivência passada, ou seja, largando todos os vícios, nascendo para novas perspectivas", relembra Pablo Dias. "Sem a minha família, minha mãe e minha filha, especialmente, esse processo não seria possível. E sem os músicos que estão comigo neste trabalho, também não”, afirma. 

Sóbrio há sete anos e decidido a não parar de compor, o músico desenvolveu uma técnica de tocar com apenas dois dedos da mão esquerda — responsáveis pela harmonia, ao marcar as notas e acordes no braço do cavaquinho — e dois dedos da mão direita, que seguram a palheta e garantem o ritmo. Essa formatação permite que ele consiga alcançar as melodias a partir de um suingue próprio e muito distinto.

“As músicas que compõem o disco ‘Amanhecer’ estão prontas já tem quase 10 anos, ainda que no formato de esboço. Trabalhei nelas agora, como forma de retornar à música, e todas foram gravadas usando apenas dois dedos", relata.

“Amanhecer” foi inteiramente gravado como jam sessions entre amigos, no Estúdio Stereoutono, em Belo Horizonte, sob a batuta do músico e engenheiro de som Marcelinho Guerra, que trabalhou em gravações com Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Toninho Horta e Flávio Renegado. A banda é composta por uma seleção de multi-instrumentistas, todos artistas negros e em destaque na cena musical mineira e brasileira.

Natural de Belo Horizonte, Pablo Dias é graduando em Composição pela UFMG. Iniciou sua carreira em 2007. 

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